E foi exacta e precisamente no momento em que tínhamos decidido começar a cantar, trocando o instrumental jazz-rock-psicadélico por canções pop nacional-progressistas, que o Duarte Mendonça se lembrou de nos convidar para tocar no Festival de Jazz de Cascais de 1974!!!
O homem ficou desconsolado. Mais, ficou horrorizado: “É pá, cantar...?! Em português?! E não dá para esgalhar uns standards de jazz, só para encher?” A conversa azedou. Saímos a discutir a conceptualização do jazz; a piroseira dos standards; a caretice da “organização”; a possidonice do homem.
Mais uma vez falhámos... Mais uma vez estivemos ausentes... Mais uma vez a “História” passou ao lado. O tempo sempre esteve à nossa frente ou atrás de nós. Nunca nos caiu redondamente em cima.
Hoje podíamos ter o “curriculum” inscrito no programa do Festival. Podíamos ter apertado a mão suada a um qualquer saxofonista afro-americano. Podíamos ter fumado um charro com os “roadies” do Miles Davis e, acima de tudo, podíamos ter recebido a habitual pateada com que eram abençoados os grupos portugueses. Paciência!
A verdade é que era imperativo mudar. Era imperativo cantar. Até porque tínhamos grandes letristas na banda: o Luís, devastador na sua introspecção analítica; o Paulo, na sua sociologia perturbadora; o Xico Zé, na simplicidade hermética; o Marcial, nas entremalhas do sistema. E tínhamos também grandes cantores, o Paulo e o Xico Zé e, nos bastidores, "groupies" ansiosos, o Rodrigo e a Isabel, irmãos de voz rouca e afadistada.
Aliás, os “King Crimson”, os “Soft Machine” e os “Pink Floyd” também cantavam!
Começámos a cantar e nunca mais parámos. Ainda hoje cantamos. No fundo somos da geração dos “Beatles” e do Caetano Veloso. Sabemos que uma palavra vale mais do que uma nota e se a palavra acerta na nota, então temos mensagem.
E, assim, o “Ephedra” entrou na “fase popular” emprestando à revolução a consciência do charro. Até tínhamos hino:
“Erva do mato, erva do mato, erva do mato,/Mata minha dor.../Erva do mato, erva do mato, erva do mato,/Dá-me um novo amor.../Erva do mato verde aos molhos,/Por causa de ti choram os meus olhos”
Bonito, não é! Sempre é melhor do que: “... contra os canhões, marchar, marchar”!
O homem ficou desconsolado. Mais, ficou horrorizado: “É pá, cantar...?! Em português?! E não dá para esgalhar uns standards de jazz, só para encher?” A conversa azedou. Saímos a discutir a conceptualização do jazz; a piroseira dos standards; a caretice da “organização”; a possidonice do homem.
Mais uma vez falhámos... Mais uma vez estivemos ausentes... Mais uma vez a “História” passou ao lado. O tempo sempre esteve à nossa frente ou atrás de nós. Nunca nos caiu redondamente em cima.
Hoje podíamos ter o “curriculum” inscrito no programa do Festival. Podíamos ter apertado a mão suada a um qualquer saxofonista afro-americano. Podíamos ter fumado um charro com os “roadies” do Miles Davis e, acima de tudo, podíamos ter recebido a habitual pateada com que eram abençoados os grupos portugueses. Paciência!
A verdade é que era imperativo mudar. Era imperativo cantar. Até porque tínhamos grandes letristas na banda: o Luís, devastador na sua introspecção analítica; o Paulo, na sua sociologia perturbadora; o Xico Zé, na simplicidade hermética; o Marcial, nas entremalhas do sistema. E tínhamos também grandes cantores, o Paulo e o Xico Zé e, nos bastidores, "groupies" ansiosos, o Rodrigo e a Isabel, irmãos de voz rouca e afadistada.
Aliás, os “King Crimson”, os “Soft Machine” e os “Pink Floyd” também cantavam!
Começámos a cantar e nunca mais parámos. Ainda hoje cantamos. No fundo somos da geração dos “Beatles” e do Caetano Veloso. Sabemos que uma palavra vale mais do que uma nota e se a palavra acerta na nota, então temos mensagem.
E, assim, o “Ephedra” entrou na “fase popular” emprestando à revolução a consciência do charro. Até tínhamos hino:
“Erva do mato, erva do mato, erva do mato,/Mata minha dor.../Erva do mato, erva do mato, erva do mato,/Dá-me um novo amor.../Erva do mato verde aos molhos,/Por causa de ti choram os meus olhos”
Bonito, não é! Sempre é melhor do que: “... contra os canhões, marchar, marchar”!
jp
6 comments:
A cantiga é uma arma...
Um relato sucinto e inspirado do que realmente se passou . Adoro esta foto da nossa querida Baby Montil
>POR CAUSA DETI CHORAM OS MEUS OLHOS<...
De arrasar, Jorge !
Ainda bem que o Ortega não me deixa mentir. Para aqueles que possam julgar que entro em efabulações, garanto-vos que estou submetido a um apertado escrutínio.
Pois, há momentos que se pudessemos....
Pois...
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