11.12.08

AVENTURAS DE ARNALDO ROCHA - DE LISBOA A CALECUTE

Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa “Organização” que tenta, desesperadamente, criar o “Quinto Império”, a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito.
Publicação simultânea, em episódios, no Brasil (“Quem Conta um Conto”) e em Portugal (“Expresso da Linha”), todas as terças e sextas feiras.
EPISÓDIO IV (continuação)
No dia seguinte a rua acordou em grande alvoroço. Dezenas de homens barbudos, suando cebola e alho, acotovelam-se aguardando horário de expediente.
Às nove em ponto Arnaldo abriu o “estaminé”. Assustou-se com o que viu. Uma cambada de estropiados, com ar esgroviado. Uns coxos, outros zarolhos, quase todos sem dentes, gritavam impropérios, tentando ser os primeiros a entrar.
De repente, a pequenita Maria, saiu da mercearia e veio em seu auxílio. Irritada com todo aquele reboliço, desatou a distribuir senhas de vez, organizou as filas e gritou: “Aqui só entra quem tiver carta de patrão de alto mar”.
A debandada foi geral... Ficaram meia dúzia. Arnaldo podia iniciar as entrevistas...

Entra um velhote trôpego. Olhos esbugalhados.
“Nome?”
“Gil Eanes”.
“Profissão?”
“Há mar e mar. Há ir e voltar...”
“Pois... Então e experiência?”
“Há mar e mar. Há mar e mar. Há ir e...”
“Chega, homem. Já percebi. Pergunto por experiência!”
“Ó mar salgado, quanto de teu sal são lágrimas de Portugal... Há mar e mar...”
“ Maria”, chama Arnaldo, “Põe-me o cavalheiro na rua, se fazes favor!”
“Há mar e mar. Há mar e mar. Há mar e...”
Catrapum... Crash... Trás... “Ai!”. Gil Eanes despenha-se pela escada abaixo, com ligeira ajuda da pequenita Maria, sempre galhofeira, que logo berrou: “Next”… pregão que iria ficar famoso em todo o Intendente.
(continua na 3ª feira)
jp

3 comments:

Anonymous said...

Esta seleção parece que vai ser muito animada...
Abraços.

ortega said...

Cá estou eu a marcar o ponto

Jorge Pinheiro said...

Maria Augusta: Vai ser mesmo muito anumada... Sá agora começou.
Ortega: e que ponto!