O meu casamento ia de mal a pior. A minha mulher, Isabel, sentiu uma súbita necessidade de regressar ao passado e resolveu repescar um antigo namorado com quem não teria resolvido bem as coisas.
Tivemos uma conversa muito franca, muito aberta, muito avançada e eu achei-me muito moderno, muito liberal, verdadeiramente “hippy”... e com a cabeça um pouco pesada.
A coisa foi tão liberal que o rapaz chegou a almoçar lá em casa e fomos todos juntos a uma festa de fim de ano na Eugaria, onde o pai da Helena tinha um palacete, em pleno reumático da serra de Sintra.
Percebi, então, que podia atacar à vontade e que elas me olhavam de novo como um produto disponível no mercado. E, assim, com toda a naturalidade, comecei a namorar a Isabel II que cantava no “Ephedra” e andava no Conservatório Nacional de Teatro.
Depois de alguns encontros e desencontros que demoraram mais de um ano a estabilizar, decidimos viver juntos.
Arrendámos um quarto na Villa Eugénia, em Sintra, no fim da Correnteza. Zona nobre da então vila. Quatro ou cinco hectares de terreno densamente arborizado. Campo de ténis abandalhado. Cave para cozinha, serventia e lavagens. Dois andares e sótão. A sala comum tinha um piano de quarto de cauda. A sala de jantar, um elevador para comidas. Hoje serve casamentos e baptizados.
A casa era, então, um centro comunitário onde viviam seis amigos nossos. Cada casal tinha o seu quarto. O resto era comum. Isto exigia grande disciplina e respeito. O barulho até tarde maçava alguns. Ruído logo de manhã chateava outros. O abandalhamento alheio prejudicava todos. Enfim, muitas limitações!
O nosso quarto era uma sala de estar no rés-do-chão com lareira e saída directa para o jardim das feteiras que dominava o lado direito da villa. Tínhamos cama, mesa redonda, quatro cadeiras, um sofá e, claro, o vibrafone, que ocupava quase metade da divisão.
A sala comum estava recheada de livros esotéricos e, de vez em quando, aparecia o Pedro M. que nuns dias estava numa Zen, noutros tinha aderido ao culto de Santa Teresa D’Ávila.
Entrámos na fase dos misticismos. Leituras incompreensíveis de Madame Blavastky ou a filosofia alternativa de Steiner. Budismo, rosacrucianismo, cristianismo hermético, teosofia. Queríamos descobrir o segredo da vida. Aderir aos mundos superiores. Encontrar uma razão de ser... Um ideal!
Eu, confesso, encarava aquilo com algum diletantismo e distanciamento, embora me mantivesse atento não fossem eles descobrir alguma coisa…
Tivemos uma conversa muito franca, muito aberta, muito avançada e eu achei-me muito moderno, muito liberal, verdadeiramente “hippy”... e com a cabeça um pouco pesada.
A coisa foi tão liberal que o rapaz chegou a almoçar lá em casa e fomos todos juntos a uma festa de fim de ano na Eugaria, onde o pai da Helena tinha um palacete, em pleno reumático da serra de Sintra.
Percebi, então, que podia atacar à vontade e que elas me olhavam de novo como um produto disponível no mercado. E, assim, com toda a naturalidade, comecei a namorar a Isabel II que cantava no “Ephedra” e andava no Conservatório Nacional de Teatro.
Depois de alguns encontros e desencontros que demoraram mais de um ano a estabilizar, decidimos viver juntos.
Arrendámos um quarto na Villa Eugénia, em Sintra, no fim da Correnteza. Zona nobre da então vila. Quatro ou cinco hectares de terreno densamente arborizado. Campo de ténis abandalhado. Cave para cozinha, serventia e lavagens. Dois andares e sótão. A sala comum tinha um piano de quarto de cauda. A sala de jantar, um elevador para comidas. Hoje serve casamentos e baptizados.
A casa era, então, um centro comunitário onde viviam seis amigos nossos. Cada casal tinha o seu quarto. O resto era comum. Isto exigia grande disciplina e respeito. O barulho até tarde maçava alguns. Ruído logo de manhã chateava outros. O abandalhamento alheio prejudicava todos. Enfim, muitas limitações!
O nosso quarto era uma sala de estar no rés-do-chão com lareira e saída directa para o jardim das feteiras que dominava o lado direito da villa. Tínhamos cama, mesa redonda, quatro cadeiras, um sofá e, claro, o vibrafone, que ocupava quase metade da divisão.
A sala comum estava recheada de livros esotéricos e, de vez em quando, aparecia o Pedro M. que nuns dias estava numa Zen, noutros tinha aderido ao culto de Santa Teresa D’Ávila.
Entrámos na fase dos misticismos. Leituras incompreensíveis de Madame Blavastky ou a filosofia alternativa de Steiner. Budismo, rosacrucianismo, cristianismo hermético, teosofia. Queríamos descobrir o segredo da vida. Aderir aos mundos superiores. Encontrar uma razão de ser... Um ideal!
Eu, confesso, encarava aquilo com algum diletantismo e distanciamento, embora me mantivesse atento não fossem eles descobrir alguma coisa…
jp
7 comments:
Mas acho que no fim você descobriu algo mais vaiolso que está além disso tudo e que nenhuma filosofia irá te ajudar a entender... essas coisas não se compreendem!
Estavas era a ver se eles encontravam a entrada para a Terra Ôca. LOL!
Por onde você já andou....!!!
Alice: acho que ainda ando a tentar descobrir e vou andar até morrer...
Ortega: a terra Oca é quando um homem quiser!
Eduardo: seja bem regressado a casa. Vejo que o PC tb. já foi reparado. A pergunta agora é se você se aventura a sair outra vez!
Gosto de viver PERIGOSAMENTE!!!rsrsrs
A vida é uma eterna busca, estas pesquisas da época hippie foram realmente muito intensas...
Eduardo: pois...
Maria Augusta: intensas, mas algo precipitadas e inconsequentes. Mas foi assim...
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