28.1.09

EM BUSCA DO SOMA PERDIDO

O Éden era um jardinzinho amoroso onde tudo era permitido, até que um dia… uma mulher (sempre elas) comeu o ”fruto proibido”. Um fruto que deu aos pobres hominídeos acesso à ”Árvore do Conhecimento“. Há antropólogos que defendem ter sido o consumo sucessivo desse fruto que nos aumentou a capacidade craniana para os actuais 1500 cm3, dada a dimensão da pedrada, tornando-nos animais racionais (!?).
O certo é que os Deuses tiveram medo que o Homem atingisse a “Árvore da Vida”, conquistasse a Verdade Absoluta e garantisse a imortalidade… Expulsaram-no do Paraíso!
Esta triste estória aparece em todas as mitologias, crenças e religiões, curiosamente apontando para uma mesma data: por volta de 10 000 a.C., época de grandes cataclismos planetários, científicamente comprovados, que poderão ter por base a queda de um enorme asteróide na zona das actuais Antilhas, Florida e Carolina do Sul e a que alguns atribuem o desaparecimento da mítica Atlântida, de Platão, que teria sede em Cuba.
É a nostalgia do paraíso perdido. Uma época de ouro desaparecida. Uma época de abundância, parceria e equilíbrio social.
O “fruto proibido”, esse de certeza não era uma maçã. O que seria? Provavelmente um preparado de um ou vários cogumelos alucinogéneos: talvez o “Amanitas moscaria” (conhecido por “visgo da mosca”) ou o “Stropharia cubensis”, rico em psilocibina e abundante no estrume das vacas (será por isso que são sagradas na Índia…?).
A expulsão do paraíso e o fim da comunhão com a Terra-Mãe marca o começo da cultura masculina e dominadora, coincidindo com o início da nossa Era.
Curiosamente, o código básico da ”civilização ocidental”, o Génesis, começa com o relato da primeira rusga de droga. É só ler os versículos 3.6 e 3.22. Está tudo preto no branco.
Diz o versículo 3.6: “Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto, e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele a seu marido que estava junto dela e ele também comeu. Então abriram-se os olhos aos dois…”.
E o versículo 3.22 acrescenta: “O Senhor Deus disse: «Aqui está o homem, que pelo conhecimento do bem e do mal, se tornou como um de nós. Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore-da-Vida, comendo do qual viva eternamente.» O senhor expulsou-o do Jardim do Éden (…) Depois colocou, a leste do Jardim do Éden, querubins armados de espada flamejante, para guardar o caminho da Árvore-da-Vida”.
Pois é, maçã é que não era! Qual é a maçã que faz abrir os olhos aos dois e esclarece a inteligência?!

A expulsão do “Jardim” por um Jeová rancoroso e inseguro coincide com modificações climatéricas que ocorreram entre 12.000 e 9.000 a.C. e que transformaram os férteis planaltos do Sul da Argélia, e mais precisamente a zona de Tassili-n-Ajjer, no actual deserto do Sahra. Os anjos flamejantes que guardam a Árvore da Vida parecem ser um símbolo implacável da violência do Sol do deserto que passou a existir naquela região de abundância.
Nas grutas de Tassili-n-Ajjer, há pinturas rupestres com mais de vinte mil anos. Descrevem Xamãs com cara de abelha, dançando com punhos cheios de cogumelos.
Com o avançar do deserto, os povos pastoris de Tassili-n-Ajjer começaram a deslocar-se para “leste do Paraíso”, levando consigo a “cultura dos cogumelos”, Ásia Menor acima, até ao “caldeirão” indo-europeu, algures a Norte do Irão, pegando-lhes a moda da “Grande-Pedrada”.

O Soma deve vir desta tradição de cogumelos rituais, receita cada vez mais hermética, dominada pelos brâmanes arianos, vindos do Irão que a usaram como arma do poder de casta. Com os milénios, a receita foi-se deteriorando, até se perder.
A “pedrada” deixou de ser religiosa e passou a ser recreativa, mas nunca mais deixámos de procurar o “fruto proibido”, nem que seja na uva fermentada.
Acho que todos perceberam porque bebemos. É a nostalgia do Soma. Saudades do conhecimento perdido. Busca da Árvore da Vida… Imortalidade… Divindade!
Deus é um cogumelo!
in "Turista Ocidental" de Jorge Pinheiro.

4 comments:

Alice Salles said...

É, maçã não é. " saudades do conhecimento perdido", deve ser por isso que nossa mente sempre busca a "claridade" de alguma forma...

Jorge Pinheiro said...

Andamos sempre a tentar... Mas ultimamente anda tudo muito escuro!

jugioli said...

Que maravilha você postar o seu livro. Andei com inveja do Eduardo, e vou aqui acompanhando.

Esta da maçã....


JU

Jorge Pinheiro said...

Ju: sabe, o problema é que para fazer sentido têm de ser posts muito grandes de difícil leitura.