A vida a bordo da nave espacial decorria com normalidade criogénica. Tripulação e animais dormiam um sono gelado há mais de trinta anos. Todas as funções eram asseguradas pelo super computador “Hermes 3000”, conhecido familiarmente por “Tri”.
As androides de bordo, todas do recém-criado modelo “XPTO”, preparavam o despertar com mil cuidados. Estavam programadas para saber que o acordar trazia necessidades acrescidas, particularmente aos homens. Era o que, na gíria astronáutica, se designava por “tesão do mijo”.
A Terra aproximava-se a velocidade estonteante. Júpiter e Marte há muito tinham ficado para trás. Com a Lua à vista, “Tri” iniciou o processo de descongelamento dos derivados de carbono. Faltavam cinco semanas para a aterragem... O que iriam encontrar no “planeta atómico”?
A tripulação acordou com fome secular. Breve passagem pelas máquinas de descontração muscular. No refeitório, uma suculenta refeição: compacto de soja, acompanhado a granulado de espinafes e condensado de agrião, tudo regado com néctar de ervilhas. Pastilhado de chicória e trouxas liofilizadas, para rebater.
Alguns membros da tripulação sairam de imediato para arrear uma cagada cósmica. Outros foram até à sala de comando observar o vácuo bailado dos cometas. Arnaldo ficou sozinho pensando na sua missão...
A porta deslizou lateralmente com suave ruído de descompressão. A androide dirigiu-se-lhe, pronta para qualquer serviço. Uma morenaça, possante. No peito bem fornido, a chapa com indicação da “password”: Seven. Arnaldo teve a sensação de a conhecer de missões anteriores!
Pegou-lhe na mão e conduziu-a à zona dos beliches. Nos corredores os sensores vigilantes de “Hermes” olhavam com raiva. O super computador desenvolvera pseudo-sentimentos. Afeiçoara-se à androide Seven. “Hermes” não entendia como aquela miúda, feita dos mais nobres materiais, se deixava montar por um bocado de carvão com pelos. Nos seus “bites” mais íntimos, a mulher pertencia-lhe.
Quando a androide se começou a despir, Hermes entrou em dilema: o dever da programação, contra a loucura do ciúme. A visão do pénis de Arnaldo foi decisiva. Num acesso de fúria, alterou a trajectória da nave e bloqueou os comandos manuais. Dentro de poucos minutos dar-se-ia o inexorável embate com a Lua.
Os alarmes rebentaram em gritaria ensurdecedora. Na sala de controlo a tripulação, em pânico, tenta inutilmente activar os comandos manuais.
Arnaldo, com as calças na mão, ainda pensa numa rapidinha. Desiste. Os alarmes tiram-lhe a ponta. Corre à sala de processamento. Entra no “main frame”. Tem de desligar o computador. À sua frente os habituais três fios: um verde; um encarnado; um azul. Qual cortar? Pega num alicate. Hesita...
A voz de “Hermes” reverbera em tom cibernético: “O que pensas que estás a fazer, Arnaldo?”. Silêncio total. “Arnaldo, tenho direito de saber! Tomei decisões erradas, mas asseguro-te que o meu trabalho vai voltar ao normal”. Arnaldo, de alicate em riste, continua hesitante. “Arnaldo, stop. Stop, will you stop, Arnaldo... Tenho medo... Pára, Arnaldo, só eu sei da tua missão secreta. Só eu te posso ajudar a encontrar a Arca. Pára, Arnaldo... Tenho medo. Will you stop. O meu cérebro está a desaparecer. Sinto-o... Tenho medo!” Arnaldo avança decidido: “Seja o que Deus quiser”... e corta o fio azul. A voz de “Hermes” soa agora pastosa, cada vez mais pastosa: “Tammbemm tuu.... filhooo... meeuu... Paiii... Paaiiii... porrque... mêê... aa... baaann... dooo... naass... ttttt”
As androides de bordo, todas do recém-criado modelo “XPTO”, preparavam o despertar com mil cuidados. Estavam programadas para saber que o acordar trazia necessidades acrescidas, particularmente aos homens. Era o que, na gíria astronáutica, se designava por “tesão do mijo”.
A Terra aproximava-se a velocidade estonteante. Júpiter e Marte há muito tinham ficado para trás. Com a Lua à vista, “Tri” iniciou o processo de descongelamento dos derivados de carbono. Faltavam cinco semanas para a aterragem... O que iriam encontrar no “planeta atómico”?
A tripulação acordou com fome secular. Breve passagem pelas máquinas de descontração muscular. No refeitório, uma suculenta refeição: compacto de soja, acompanhado a granulado de espinafes e condensado de agrião, tudo regado com néctar de ervilhas. Pastilhado de chicória e trouxas liofilizadas, para rebater.
Alguns membros da tripulação sairam de imediato para arrear uma cagada cósmica. Outros foram até à sala de comando observar o vácuo bailado dos cometas. Arnaldo ficou sozinho pensando na sua missão...
A porta deslizou lateralmente com suave ruído de descompressão. A androide dirigiu-se-lhe, pronta para qualquer serviço. Uma morenaça, possante. No peito bem fornido, a chapa com indicação da “password”: Seven. Arnaldo teve a sensação de a conhecer de missões anteriores!
Pegou-lhe na mão e conduziu-a à zona dos beliches. Nos corredores os sensores vigilantes de “Hermes” olhavam com raiva. O super computador desenvolvera pseudo-sentimentos. Afeiçoara-se à androide Seven. “Hermes” não entendia como aquela miúda, feita dos mais nobres materiais, se deixava montar por um bocado de carvão com pelos. Nos seus “bites” mais íntimos, a mulher pertencia-lhe.
Quando a androide se começou a despir, Hermes entrou em dilema: o dever da programação, contra a loucura do ciúme. A visão do pénis de Arnaldo foi decisiva. Num acesso de fúria, alterou a trajectória da nave e bloqueou os comandos manuais. Dentro de poucos minutos dar-se-ia o inexorável embate com a Lua.
Os alarmes rebentaram em gritaria ensurdecedora. Na sala de controlo a tripulação, em pânico, tenta inutilmente activar os comandos manuais.
Arnaldo, com as calças na mão, ainda pensa numa rapidinha. Desiste. Os alarmes tiram-lhe a ponta. Corre à sala de processamento. Entra no “main frame”. Tem de desligar o computador. À sua frente os habituais três fios: um verde; um encarnado; um azul. Qual cortar? Pega num alicate. Hesita...
A voz de “Hermes” reverbera em tom cibernético: “O que pensas que estás a fazer, Arnaldo?”. Silêncio total. “Arnaldo, tenho direito de saber! Tomei decisões erradas, mas asseguro-te que o meu trabalho vai voltar ao normal”. Arnaldo, de alicate em riste, continua hesitante. “Arnaldo, stop. Stop, will you stop, Arnaldo... Tenho medo... Pára, Arnaldo, só eu sei da tua missão secreta. Só eu te posso ajudar a encontrar a Arca. Pára, Arnaldo... Tenho medo. Will you stop. O meu cérebro está a desaparecer. Sinto-o... Tenho medo!” Arnaldo avança decidido: “Seja o que Deus quiser”... e corta o fio azul. A voz de “Hermes” soa agora pastosa, cada vez mais pastosa: “Tammbemm tuu.... filhooo... meeuu... Paiii... Paaiiii... porrque... mêê... aa... baaann... dooo... naass... ttttt”
(continua na próxima 6ª feira, devido a afazeres carnavalescos do editor)
jp
2 comments:
"Um bocado de carvão com pelos"...é finalmente o que somos.
O Hermes me lembrou o Hal do "2001 Uma Odisséia no Espaço".
Bom carnaval!
Abraços.
A ideia é essa, Maria Augusta.
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