2.2.09

AVENTURAS DE ARNALDO ROCHA - O ESTRANHO CASO DAS ABÓBORAS MENINAS

EPISÓDIO VII
O mistério das abóboras-meninas adensava-se. Só Deus o poderia resolver. Mas, oh, como era difícil encontrar Deus nos dias que correm. Dizia-se que estava em todo o lado, mas a verdade é que ninguém o via.
Arnaldo mandou o orgulho para trás das costas e enviou um mail pedindo auxílio à “Organização”…
Quinze dias depois, quando já desesperava, recebeu uma mensagem: “O.K., encontro marcado. Grão-Mestre diz que é a última vez que intercede por ti”. Assinado em código: “O Chefe de Gabinete”.

O encontro deu-se no “Tromba Rija”, debaixo do caramachão de glicínias.
Deus vinha sumptuoso. Túnica púrpura. Sandálias de ouro. Na cabeça, tiara de esmeraldas. Barba branca perlada de diamantes. Ao peito, um atilho de cabedal com o símbolo da paz. No ombro esquerdo, uma pomba branca, com peito de rola e ar altivo. A mão direita arrastava um puto infesado, com o ar de quem já tinha levado um par de lambadas logo de manhã.
Arnaldo, preparava-se para ajoelhar e benzer-se. Deus, pragmático, disse-lhe: “Deixa-te de merdas. Só estou aqui por intercepção do nosso comum amigo, o “Grande Arquitecto”. Não tenho tempo a perder... e estou cheio de fome. Falamos enquanto comemos. O puto está a dieta de lentilhas. O Espírito Santo está numa macrobiótica. Para mim, sai cozido à portuguesa com todos. O tinto escolhe tu...”
(continua na 6ª feira)
jp

2 comments:

Anonymous said...

Essa sua descrição de Deus corresponde à imagem do deus atual, que é o "poder aquisitivo"...

Jorge Pinheiro said...

Pois é. E Deus está sempre a actualizar-se. É um conceito deslizante.