O Castelo de Tomar estava uma lástima. Não tanto pela devastação atómica, mas pela paranóia decorativa de D. Manuel I. Portais carregados de arquivoltas e sobre-arcos; janelas com colagens de adereços e peças tipo ourivesaria; festões culminando em efeito foral de coroamento vegetalista; claustros sobrepostos em labirinto de Minotauro; cordas entrançadas... algas secas... folhas de cacto... alcachofras... troncos nodosos... esferas armilares... Enfim, verdadeiramente “kitch”!
A “Charola”, essa nem se fala. Onde antes eram paredes brancas, despojadas, que elevavam misticamente o octógono deambulatório à “Nova Jerusalém”, havia agora um programa escultórico, um programa de talha e um programa pictórico parietal... Ou seja, uma trapalhada narcisista de simbologia decorativa pseudo-messiânica, que o modesto rei se tinha imposto concretizar à custa do erário público.
A androide entrara em “shut-down” durante a viajem. Foi preciso ligação directa ao isqueiro do carro para lhe dar nova carga. Entraram pela Porta do Sol. Deixaram à direita a Alcáçova protegida pelas muralhas em “alambor”. Seguiram para ocidente em direcção à “Charola”.
“E agora?”, pensou Arnaldo... “A cabeça de santo que há em ti? Que raio quer isto dizer?”. À sua volta, o dito programa pictórico, mais o escultórico, não deixavam centímetro vago.
Mas, a androide não teve dúvidas. Dirigiu-se sem hesitar às arcadas do tambor central, onde Fernão de Muñoz havia instalado imagens sacras, e apontou, decidida, a figuração de João Baptista, esse grande “baphomet” que viu a tola rebolar por uma questão de saias.
Com um golpe acutilante de “karate”, Arnaldo foi-se-lhe à cabeça... o santinho também já devia estar habituado! Um papelito amarrotado saltou para o chão. Estava escrito em aramaico. A androide traduziu: “Na luz pisada, a rosa solar ilumina a água de Salomão”.
Palavra de honra! Eles sabiam tudo, sabiam onde estava a merda da Arca, para quê tantas charadas? Sacanas dos velhos da "Organização", não perdiam a mania de brincar aos escuteiros... Filhos da puta!
A “Charola”, essa nem se fala. Onde antes eram paredes brancas, despojadas, que elevavam misticamente o octógono deambulatório à “Nova Jerusalém”, havia agora um programa escultórico, um programa de talha e um programa pictórico parietal... Ou seja, uma trapalhada narcisista de simbologia decorativa pseudo-messiânica, que o modesto rei se tinha imposto concretizar à custa do erário público.
A androide entrara em “shut-down” durante a viajem. Foi preciso ligação directa ao isqueiro do carro para lhe dar nova carga. Entraram pela Porta do Sol. Deixaram à direita a Alcáçova protegida pelas muralhas em “alambor”. Seguiram para ocidente em direcção à “Charola”.
“E agora?”, pensou Arnaldo... “A cabeça de santo que há em ti? Que raio quer isto dizer?”. À sua volta, o dito programa pictórico, mais o escultórico, não deixavam centímetro vago.
Mas, a androide não teve dúvidas. Dirigiu-se sem hesitar às arcadas do tambor central, onde Fernão de Muñoz havia instalado imagens sacras, e apontou, decidida, a figuração de João Baptista, esse grande “baphomet” que viu a tola rebolar por uma questão de saias.
Com um golpe acutilante de “karate”, Arnaldo foi-se-lhe à cabeça... o santinho também já devia estar habituado! Um papelito amarrotado saltou para o chão. Estava escrito em aramaico. A androide traduziu: “Na luz pisada, a rosa solar ilumina a água de Salomão”.
Palavra de honra! Eles sabiam tudo, sabiam onde estava a merda da Arca, para quê tantas charadas? Sacanas dos velhos da "Organização", não perdiam a mania de brincar aos escuteiros... Filhos da puta!
(continua na 6ª feira)
jp
2 comments:
Interessante tua descrição do estilo manuelino...não o achei pesado, talvez seja rebuscado mas me deixou uma boa impressão.
Aqui é um gozo, porque muitos monumentos anteriores a D. Manuel foram intervensionados abundantemente com o novo estilo do rei que assim prejudicou (digo eu) o que lá existia. O que é de origem manuelino, como os Jerónmos, é outra coisa.
Post a Comment