ACABA HOJE ESTE CONTO E COM ELE AS "AVENTURAS DE ARNALDO ROCHA", ESSE DETECTIVE INTEMPORAL QUE ATRAVESSA O TEMPO AO SERVIÇO DA PODEROSA "ORGANIZAÇÃO". PODE SER QUE VOLTE SE AS CIRCUNSTÂNCIAS O IMPOSEREM E A CRISE O CONSENTIR.
ÚLTIMO EPISÓDIO
Arnaldo vagueava desesperado perdido nos claustros labirínticos, batendo com a cabeça no estuque das paredes. “Luz pisada!?... Água de Salomão!?... Porra, esta era mesmo heremética de todo!”. A androide descansava em “stand by”, incapaz de descodificar aquela chachada.
Inconscientemente, Arnaldo dirigiu-se ao “Claustro de Micha”, passou para o “Claustro da Hospedaria” e, sem querer, deu com ele nas amplas cozinhas. Na geladeira, uma convidativa mini-Sagres com o rosto do Infante estampado na carica.
De repente, enquanto mamava a cerveja, lembrou-se de uma conversa que tinha tido, aí por volta de 1850, com o agente Costa Cabral, depois Conde de Tomar e que a “ Organização” havia infiltrado junto de D.Maria II. Coitado do homem... Nunca mais o vira. Trabalhava a recibo verde e, está claro, na primeira reestruturação fora ao ar.
Costa Cabral adquirira parte do Convento em 1842, depois da extinção das ordens religiosas. Fez obras de adaptação a residência e transformou as adegas e a abegoaria em lagar de azeite. Costa Cabral era ligeiramente maçon. Na altura confessou: “Sabes, Arnaldo, isto não vai ser lagar de azeite, mas uma “sala iniciática”. Já viste o potencial turístico? Tu é que podias vir gerir a futura região de turismo templária... No fundo, foste tu que inventaste aquelas aldrabices todas!”
Num ápice, Arnaldo percebeu tudo. Saiu da cozinha em frenesim. Desceu esbaforido a escada direito ao subsolo. Oliveira... Azeite... Luz... Lagar de azeite... Luz pisada. No tecto, os fechos das dezassete abóbadas em rosácea... A “rosa solar”, último grau da iniciação... Por baixo uma laje esconde o poço que purifica a vida... A água de Salomão!
Arnaldo desloca a pedra em esforço. Mergulhado na liquidez translúcida, um volume suspeito...
Finalmente a Arca! Uma vulgar caixa quadrada em madeira de pinho, com as medidas clássicas: 1,618 de lado. Arnaldo esperava coisa melhorada... anjos, coruchéus... revestimento a ouro... umas quantas esmeraldazitas... sei lá! Mas pensando bem, o que interessava era o interior.
Em excitação colegial, Arnaldo retira o caixote da água. A androide digitaliza e processa toda a informação. Nos anéis de Saturno a operação é acompanhada com “suspense”.
Pregos enferrujados... Madeira inchada... Difícil abrir. Com ajuda de Seven, finalmente, a tampa cede. Num canto, uma cruz quebrada e um tubo de “Super Cola Três”. No outro canto, um carcomido rolo de papiro. As mãos de Arnaldo tremiam de emoção. Agarrou o rolo com reverência. Desenrolou-o com com extremo cuidado. Leu estupefacto: “Passa a outro e não ao mesmo”!
Lá fora, no fosso do castelo, uma fêmea louva-a-Deus, come orgasticamente a cabeça do amante, depois de uma romântica visita ao Convento de Cristo.
Arnaldo perde as ilusões. A”Organização” que se foda... A Terra que lixe...!
Agarra na mão da pequenita andróide e partem rumo às estrelas, a formar nova dinastia.
Inconscientemente, Arnaldo dirigiu-se ao “Claustro de Micha”, passou para o “Claustro da Hospedaria” e, sem querer, deu com ele nas amplas cozinhas. Na geladeira, uma convidativa mini-Sagres com o rosto do Infante estampado na carica.
De repente, enquanto mamava a cerveja, lembrou-se de uma conversa que tinha tido, aí por volta de 1850, com o agente Costa Cabral, depois Conde de Tomar e que a “ Organização” havia infiltrado junto de D.Maria II. Coitado do homem... Nunca mais o vira. Trabalhava a recibo verde e, está claro, na primeira reestruturação fora ao ar.
Costa Cabral adquirira parte do Convento em 1842, depois da extinção das ordens religiosas. Fez obras de adaptação a residência e transformou as adegas e a abegoaria em lagar de azeite. Costa Cabral era ligeiramente maçon. Na altura confessou: “Sabes, Arnaldo, isto não vai ser lagar de azeite, mas uma “sala iniciática”. Já viste o potencial turístico? Tu é que podias vir gerir a futura região de turismo templária... No fundo, foste tu que inventaste aquelas aldrabices todas!”
Num ápice, Arnaldo percebeu tudo. Saiu da cozinha em frenesim. Desceu esbaforido a escada direito ao subsolo. Oliveira... Azeite... Luz... Lagar de azeite... Luz pisada. No tecto, os fechos das dezassete abóbadas em rosácea... A “rosa solar”, último grau da iniciação... Por baixo uma laje esconde o poço que purifica a vida... A água de Salomão!
Arnaldo desloca a pedra em esforço. Mergulhado na liquidez translúcida, um volume suspeito...
Finalmente a Arca! Uma vulgar caixa quadrada em madeira de pinho, com as medidas clássicas: 1,618 de lado. Arnaldo esperava coisa melhorada... anjos, coruchéus... revestimento a ouro... umas quantas esmeraldazitas... sei lá! Mas pensando bem, o que interessava era o interior.
Em excitação colegial, Arnaldo retira o caixote da água. A androide digitaliza e processa toda a informação. Nos anéis de Saturno a operação é acompanhada com “suspense”.
Pregos enferrujados... Madeira inchada... Difícil abrir. Com ajuda de Seven, finalmente, a tampa cede. Num canto, uma cruz quebrada e um tubo de “Super Cola Três”. No outro canto, um carcomido rolo de papiro. As mãos de Arnaldo tremiam de emoção. Agarrou o rolo com reverência. Desenrolou-o com com extremo cuidado. Leu estupefacto: “Passa a outro e não ao mesmo”!
Lá fora, no fosso do castelo, uma fêmea louva-a-Deus, come orgasticamente a cabeça do amante, depois de uma romântica visita ao Convento de Cristo.
Arnaldo perde as ilusões. A”Organização” que se foda... A Terra que lixe...!
Agarra na mão da pequenita andróide e partem rumo às estrelas, a formar nova dinastia.
FIM
jp
2 comments:
Tendo seguido os outros capítulos, já imaginava que o que ele acharia seria algo assim... Espero que o Arnaldo volte em breve, desta vez no futuro para contar no que deu esta nova dinastia, mixto de homem e androide.
Abraços.
Obrigado Maria Augusta pela atenção sempre dispensada a esta série. Vamos ver o que o futuro reserva!
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