9.5.09

D.MANUEL I - AS BODAS DE AFONSO

O banquete real só veio a realizar-se dois dias depois da entrada da princesas Isabel em Évora. Mas a espera valeu a pena. Cada prato a ser servido era antecedido de enorme cerimonial, fazendo os olhos comer antes que a boca provasse. Primeiro vieram bobos e malabaristas, músicos e dançarinos. A atmosfera vibra de estranhos aromas derramados pelos acepipes, misturados com a música infernal dos pífaros, dos sacabuxos, e o troar dos tambores. Mãos hábeis de menestréis dedilham alaúdes, confundindo-se na vozearia distante das conversas das damas de decotes profundos e nas gargalhadas alarves das matronas excitadas. Os perfumes intensos e as emanações dos vinhos aumentam o contentamento geral.. Chega um grande carro de ouro puxado por uma junta de bois, completamente assados, de pontas e cascos também dourados. O carro vem cheio de borregos igualmente assados por inteiro, com chifres dourados e retorcidos. Devidamente aplaudido, o carro é entregue à multidão que lá fora se acumula e que pouco demora a admirar a obra, atirando-se a ela com tremenda voracidade. Na mesas real são servidos pavões assados inteiros, de pé nas travessas, com a vistosa cauda aberta em leque; coxas de veado em largas fatias; gordas perdizes e lépidas lebres; frutas e doces em grande abundância e perfeição. De dois em dois pratos aparecem, em entremez para abrir o apetite, reis da Guiné, gigantes vestidos de veludo, bailarinos pintados de preto... Não havia memória de uma festa assim!
No dia seguinte vieram as "justas", os torneios medievais. Constituíram-se várias "equipas". D. Manuel, duque de Beja, o futuro "Venturoso", vem à cabeça de um deslumbrante rancho de Aventureiros. Os torneios duram quatro dias. No fim o júri, perfeitamente imparcial, declara vencedor... o rei D. João II que, magnânimo, cede os prémios aos seus campeões.
Os festejos acabam com a ameaça da peste, essa temível intrusa que percorre a Idade Média sem ser convidada. Os princípes refugiam-se no Convento do Espinheiro. Algumns dias depois sairão para Santarém em merecido gozo de lua-de-mel. A tragédia, porém, aproximava-se... (continua).
No post de cima algumas fotos do evento. O fotógrafo estava lá!
jp

6 comments:

Li Ferreira Nhan said...

Esta senhora de azul quem é?

Anonymous said...

Essas gripes que não param de atrapalhar a história do mundo, ao longo dos anos!

EXPRESSODALINHA said...

LI: Acho que era duquesa... talvez de Mantarrota!
Eduardo: muita gripe, mesmo!

Li Ferreira Nhan said...

Mantarrot
rsrsrsrsrsrsrs
Só você pra desintoxicar meu fígado de tanto rir!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk

conduarte said...

Que maravilha, brincando com a cultura

EXPRESSODALINHA said...

Mas, atenção, é tudo verdade!