LINHA DE CASCAIS - III

Como já vimos nos posts anteriores, até meados do séc. XIX a Linha de Cascais pouco mais era do que uns casebres de pescadores e umas quintas dispersas pelo interior. Começou então a moda dos banhos de mar...

Pedrouços e Algés começaram a ser praias afamadas e no Cais do Sodré e Terreiro do Paço também chegou a haver "estações de banhos". Os banhistas tomavam lugar numas barcaças ancoradas na corrente do rio e providas de um sistema de alagamento que permitia a entrada da água em compartimentos privativos onde se banhavam na panaceia da cura marítima.

Em 1854 apareceram as primeiras notícias sobre a construção de uma linha férrea para Cascais. Inicialmente pensou-se em que essa linha seria um ramal da linha de Sintra, entretanto construída. Com isso desprezavam-se todas as terras que iam de Lisboa a Cascais. No entanto, o exemplo da Riviera francesa iria contagiar a construção da Linha de Cascais. Vários projectos de construção surgiram, alguns deles ligados à concessão do jogo. Mas os trabalhos não arrancavam, por problemas de financiamento ou outros.

Enquanto o comboio não vinha, de Lisboa a Cascais viajava-se em três horas de carruagem, para quem tinha uma equipagem dispendiosa. O público, em geral, ia de chars-à-banc, de diligência ou de omnibus, em quatro a cinco horas, com saída da Praça do Município. De carroça eram oito horas e de burro demorava-se um dia inteiro!

Mas, o interesse das famílias abastadas pela Linha ia aumentando. Começaram a surgir chalés no Estoril, na Parede, em Oeiras, em Carcavelos. Em Cascais havia grandes regatas internacionais patrocinadas pela Casa Real que, após as razias napoleónicas, aqui fizera Paço na fortaleza de Cidadela. As construções apalaçadas surgiram com naturalidade. A necessidade de aligeirar o tempo de viagem começou a ser permente. O comboio aproximava-se... (continua).

Baseado em "Memórias da Linha de Cascais", de Branca de Gonta Colaço e Maria Archer

jp