PUBLICADO "OLHAR DIREITO", DE CUJA EQUIPA FAÇO PARTE.
Durante anos não me preocupei nada com os valores sociais ou com a falta deles. Mais, essa história dos “valores” cheirava a mofo de sacristia ou a política serôdia de direita passadista. Mesmo perante a insistência dos telejornais onde os assaltos, raptos, pedofilia, assassínio e corrupção parecem ser as únicas coisas que acontecem, mantive-me empedernido. Valores? O que é isso? Querem é montar uma nova ditadura e mandar-nos todos para a catequese!
A verdade é que eu dou por adquiridos esses valores. Eles fazem parte do meu “acquis” cultural e de personalidade. Recebi-os dos meus pais e passei-os aos meus filhos de forma natural. Sem qualquer esforço. Sem necessidade de que qualquer entidade os mediasse. Sem reparar. Mas será assim com toda a gente? Porque temos a sensação de voltar a viver num mundo novamente inseguro, a resvalar para a barbárie? Que se passou nos últimos 20 anos? Que se vai passar com o agravar da crise económica e social?
Olhamos à nossa volta e temos uma renovada sensação de Idade Média, em que os bairros sociais, bem demarcados e isolados, lembram as antigas mourarias e judiarias. Em que os condomínios fechados são verdadeiros castelos medievais, com torres e ameias intransponíveis e bem guardadas.
A má política de integração e assimilação das migrações, quer na Europa, quer nos USA, acabará por gerar um xenofobismo e racismo incontroláveis. O perigo de rearmamento e de confrontação militar surge a propósito de novos problemas: o acesso à água; as alterações climáticas; as energias; a fome que cada vez está mais a norte…
Os políticos dizem exactamente o que o eleitorado quer ouvir e o eleitorado quer ouvir exactamente o que os políticos dizem. Estão bem uns para os outros. Vivemos todos muito contentes nesta mediocridade de avestruz. Vivemos a mentira institucionalizada. É a competição para prometer mais. Ninguém vai para a política para perder eleições. As elites são fracas, pouco corajosas e cada vez estão mais distantes do poder.
Vivemos no reino do “Estado Espectáculo” que rapidamente vira comédia. Nós, somos o “Idiota Feliz”. O cidadão que consome e vai ao circo. Só se revolta quando não tem dinheiro. Não percebemos que os valores não são cifrões.
Onde estão, então, os valores? Para mim que estou entre o ateu e o agnóstico, num limbo social diletante, esses valores são o tal “acquis”. Sedimentação de muitas gerações. Não preciso da religião para me “portar bem”. Basta-me a Lei e o Civismo. Mas bastará a toda a gente? Temo que não. Temo que voltaremos, tal como na Idade Média, a precisar dos Códigos de Conduta implícitos em todas as religiões para não voltar a cair na barbárie. Temo que vamos ter de voltar à catequese!
A verdade é que eu dou por adquiridos esses valores. Eles fazem parte do meu “acquis” cultural e de personalidade. Recebi-os dos meus pais e passei-os aos meus filhos de forma natural. Sem qualquer esforço. Sem necessidade de que qualquer entidade os mediasse. Sem reparar. Mas será assim com toda a gente? Porque temos a sensação de voltar a viver num mundo novamente inseguro, a resvalar para a barbárie? Que se passou nos últimos 20 anos? Que se vai passar com o agravar da crise económica e social?
Olhamos à nossa volta e temos uma renovada sensação de Idade Média, em que os bairros sociais, bem demarcados e isolados, lembram as antigas mourarias e judiarias. Em que os condomínios fechados são verdadeiros castelos medievais, com torres e ameias intransponíveis e bem guardadas.
A má política de integração e assimilação das migrações, quer na Europa, quer nos USA, acabará por gerar um xenofobismo e racismo incontroláveis. O perigo de rearmamento e de confrontação militar surge a propósito de novos problemas: o acesso à água; as alterações climáticas; as energias; a fome que cada vez está mais a norte…
Os políticos dizem exactamente o que o eleitorado quer ouvir e o eleitorado quer ouvir exactamente o que os políticos dizem. Estão bem uns para os outros. Vivemos todos muito contentes nesta mediocridade de avestruz. Vivemos a mentira institucionalizada. É a competição para prometer mais. Ninguém vai para a política para perder eleições. As elites são fracas, pouco corajosas e cada vez estão mais distantes do poder.
Vivemos no reino do “Estado Espectáculo” que rapidamente vira comédia. Nós, somos o “Idiota Feliz”. O cidadão que consome e vai ao circo. Só se revolta quando não tem dinheiro. Não percebemos que os valores não são cifrões.
Onde estão, então, os valores? Para mim que estou entre o ateu e o agnóstico, num limbo social diletante, esses valores são o tal “acquis”. Sedimentação de muitas gerações. Não preciso da religião para me “portar bem”. Basta-me a Lei e o Civismo. Mas bastará a toda a gente? Temo que não. Temo que voltaremos, tal como na Idade Média, a precisar dos Códigos de Conduta implícitos em todas as religiões para não voltar a cair na barbárie. Temo que vamos ter de voltar à catequese!
jp
7 comments:
Elogiar o seu texto?
Não é necessário, infelizmente, porque ele conta a triste e perigosa realidade.
Penso que é um chamar de atenção muito soft que o povão não entende ainda.
Um grande abraço.
JP, tenho pensando e observado demais que em tudo na vida, estamos com a necessidade de puxar o freio e em algumas delas - fazer como antes, antigamente... e portanto, seu texto tem razão. É preciso para o mundo. Começar novamente = catequese.
Parabéns...
No meu post eu queria que vc tivesse escrito ao menos, os que não acharam, pois eu mesma não consigo identificar muitos dos que estão alí e queria ver se fechavamos o quadro! ... Mas tudo bem, obrigada por entrar por lá, sua visita é rica para mim.
Bom domingo, beijinho, CON
Rararararara Durma com so anjinhos, meu querido! Descanse, é tarde mesmo... Fique super à vontade. Te gosto, sempre!
Beijos, CON
..."Vivemos no reino do “Estado Espectáculo” que rapidamente vira comédia. Nós, somos o “Idiota Feliz”. O cidadão que consome e vai ao circo. Só se revolta quando não tem dinheiro. Não percebemos que os valores não são cifrões."...
pois é!!! mas uma coisa é certa, resmunga-se, refila-se, barafusta-se entre dentes (tudo significa o mesmo), mas ninguém parte para a acção!!! e aqui está mais uma prova ... escreve-se, mas fica-se pela escrita passiva!!! (sem ofensa)
enquanto não surgir outro 25 de Abril mas não de cravos e sim de 'sangue' nada mudará, antes pelo contrário, sempre a piorar!
Até a educação adquirida, se vai... aos poucos perdendo. Porque, o egoísmo indívidual vai prevalecer!!!
Beijinho e este seu texto foi bom para de reflectir :)
Infelizmente, a natureza humana tem tendência a seguir a "lei da selva", os mais fortes esmagam os mais fracos, com a diferença que no mundo dos "outros" animais isto é feito para sobreviver e no do homem é também para acumular o vil metal, e o universo da política reflete isto.
As leis servem para refrear o "apetite" e mantê-lo dentro de limites que não prejudiquem os outros, mas os valores "religiosos" poderiam tocar as mentalidades. Infelizmente não é bem assim, basta observar o fausto do Vaticano...e também quantas guerras foram feitas tendo como pretexto as religiões.
Resumindo, "salve-se quem puder"!
Bom domingo assim mesmo.
Em qualquer sociedade e época, a Ética é muito importante.
Com os excelentes comentários, ficou tudo dito. A acção, tenho receio que seja a de Atenas e França elevada a potências indomáveis. A ética, pois a Ética, por onde anda essa musa que inspira a Sociedade?
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