10.6.09

DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESES

Um nome que não cabe no título. Na boa tradição manuelina só falta acrescentar “de aquém e d’além-mar em África, da Etiópia e Pérsia”. Enfim, o “Dia da Pátria”. Mais propriamente um feriado que dá uma bela “ponte” para os lisboetas se engarrafarem no trânsito da Ponte, a caminho do Sol da Caparica. Mais simples era chamar-lhe “Dia da Raça”, como era conhecido no regime salazarista, designação que caiu com o “25 de Abril” por ter conotações discriminatórias e fascistas. A verdade, porém, é que não há raça portuguesa. Coisa diferente de os portugueses terem, de facto, muita raça.
Aqui a Oeste da Europa havia milhões de cobras. Os gregos chamavam a este cantinho Ofiusa (“país das serpentes”). Depois lá vieram uns indígenas que à falta de melhor nome se chamaram iberos. Os celtas vieram em vagas e, como não sabiam nadar, por cá ficaram. Misturaram-se rapidamente. Eram já celtiberos, quando os romanos tomaram conta da situação. Entretanto haviam passado por cá uns esporádicos fenícios e alguns cartagineses em busca de apoios para as “Guerras Púnicas”. A romanização, essa, demorou cinco séculos. Depois, novamente em vagas, vieram os suevos, os godos e os alanos que, invejosos da cultura romana, quiseram entrar à força para o mundo civilizado. Os godos acabaram a dominar tudo, até ao século VIII. Estava-se nisto quando os berberes de Marrocos passaram o Estreito e vêm por aí acima. Ficaram mais outros cinco séculos no território de Portugal e oito no que é hoje Espanha. Judeus, sempre os houve, em eterna diáspora de penitência. Então depois da expulsão dos Reis Católicos ficámos atafulhados deles, mesmo com o empenho da Inquisição em lhes passar certificado de óbito. Depois ainda vieram gentes da Índia, escravos da Guiné e de Angola. Tudo se misturou na caldeirada apimentada que era o Portugal seiscentista. Para completar, alguns ingleses amantes do vinho do Porto e franceses tresmalhados das invasões napoleónicas. Mais recentemente, meio milhão de “retornados” regressou à metrópole com a descolonização. Este é a raça portuguesa que hoje se comemora, sem discriminações nem exaltações. Porventura o povo mais crioulo, global e universal de toda a História.
Estátua "Camões", de José Cutileiro, exposta na Casa da Cultura de Cascais.
jp

3 comments:

Maria Augusta said...

Parabéns pelo "Dia da Pátria", realmente houve muita mistura de povos para formar a nação portuguesa (e consequentemente a brasileira), o que acho muito positivo. Porque é comemorado dia 10 de junho?
Abraços.

EXPRESSO said...

É o dia da morte de Cmões em 1580.

Mena G said...

Sempre achei que, pelo menos uma das minhas costelas, pertence a tdodo o mundo.
;)