
Como toda a gente sabe, os berberes estavam divididos em duas tribos principais: os Butr e os Baranis. A maioria dos berberes que aderiu à conquista do al-Andalus provinha do grupo Butr. Eram tribos mais antigas, com relações estreitas com os bizantinos e, em grande parte, convertidos ao cristianismo. No entanto, foram os muçulmanos árabes que assumiram a chefia destes grupos e a liderança da conquista.
A capital muçulmana do Norte de África (a Ifriqia) era Qayrawan, colónia fundada pelos árabes em 670, longe do litoral, na planície central da Tunísia para fugir ao controle dos bizantinos. Toda a região dependia do governador do Egipto, sedeado em Fustat (o Cairo, esse ainda não existia).
Foram sírios, dirigidos por Hassan n. al-Numan al-Ghassani, quem, em 694, acabou com a resistência bizantina estabelecida em Tripoli e Cartago e derrotou a sacerdotisa Kahina, chefe dos berberes, levando todas as tribos até ao diwan do califa omíada de Damasco, Abd al-Malik.
Hassan é substituído por Musa n. Nusayr, na supervisão das províncias ocidentais, tendo nomeado para emir de Tânger, entretanto conquistada (708), um seu apoiante berbere. Nem mais, nem menos, que o nosso conhecido Tariq n. Ziyad.
O Islão precisava de se expandir para sobreviver. Então no Norte de África isso era essencial: se o saque se esgotasse, os grupos e tribos de imediato se atacariam uns aos outros, conduzindo à inevitável desintegração. Conquistada Tânger, só a Espanha, logo ali em frente, podia oferecer o tipo de oportunidade que o Estado islâmico necessitava (sim, que o islão sempre foi uma teocracia).
Curiosamente, a invasão foi de iniciativa local, muito local, sem aprovação prévia da hierarquia, ou seja, do governador da Ifriquia, Musa n. Nusayr e muito menos do califa al-Malik, de Damasco.
Foto: interior da Mesquita de Cordova.
(a continuar)
2 comments:
Interessante, sempre quis saber como foi esta invasão da Península Ibérica pelos "mouros"...
História é mesmo uma viagem.
Esperemos as próximas.
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