23.11.09

TURISTA OCIDENTAL - COMPOSTELA (7)

Dito isto, decidimos ir a Compostela por terra e não pelos salvíficos “Caminhos de Santiago” até porque, como disse Buda, “Não podes seguir o caminho antes de te teres tornado no próprio caminho”. Como esse não era manifestamente o caso, fomos pelas óptimas auto-estradas galegas.
Nos “placards” informativos a distância para Madrid aparece sempre apagada e corrigido à mão: “a España xxx km”, prova de uma incontestável atitude segregacionista que nem a “Xunta” da Galiza procura esconder.
A simbologia religiosa da “peregrinação” é a da passagem do homem pela Terra, cumprindo o seu tempo de provas para, no momento da morte, aceder à Terra Prometida, ao Paraíso perdido. O peregrino está de passagem, rumo à cidade ideal. Ao dirigir-se aos lugares santos, o peregrino procura a identificação com Aquele que os santificou. Deve fazer a viagem não no luxo, mas na pobreza, simbolizada no seu bastão de caminheiro: resistência e despojamento.
Foi, aliás, com este espírito que o modesto D. Manuel I, grande devoto do Santo, fez a viagem com séquito faustoso, com todos os requintes de luxo, incluindo alfaiates e músicos. Em Compostela, o rei deixou uma oferta e um desejo, igualmente modesto: uma lâmpada de cinco fogos que deveria ficar acesa permanentemente depois do seu regresso a Lisboa!!! Confesso que não a encontrei.
(a continuar)

1 comment:

Maria Augusta said...

Pois é, a cada um sua "peregrinação" rs...