Da Alcazaba, a parte fortificada da Alhambra e a mais antiga (data do séc. IX), a vista do Albaicin, no morro em frente, deslumbrou-me: bairro branco; escarpado; labiríntico; árabe e judeu; perigoso; misterioso; coração da cidade onde ainda se respira o ar que Averoes inalou.Saída da Alhambra, sempre a descer. Novo banho de multidão e de procissões.
Estamos em plena Semana Santa. Tenho, forçosamente, de me deter neste drama das procissões que nos rodeiam diariamente e mantêm o comércio a meio gás, como se fora Ramadão.
É assim: bancadas cor de púrpura à saída das igrejas; duas filas de cadeiras alugadas nas “calles” em frente. Os ricos ficam nas bancadas; os remediados nas cadeiras e a maralha em pé aos apalpões, que é o que os pobrezinhos gostam mais…
Avançam primeiro os encapuzados que, ternamente, designarei por “Torquemaditos”. Depois saem os andores, descomunais em cenas de paixão comoventes e com muitas perninhas, tipo centopeia, movimentando-se lá por baixo. Finalmente, vem a banda com a habitual música siciliana.
O pessoal gosta e, espantosamente, levanta-se e aplaude à passagem do cortejo. Só falta mesmo o “olé”. Um verdadeiro desfile de Sambódromo… o Corso Cristão!
(a continuar)
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2 comments:
Essas procissões da Semana Santa na Espanha são famosas, nunca entendi o porquê dos encapuzados e das confrarias...
Tem mais a ver com a Inquisição do que com Confrarias.
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