TURISTA OCIDENTAL - NO PAÍS DOS VÂNDALOS (FIM)

Trinta e sete procissões e dez gaspachos mais tarde, regressámos ao Meliá Granada, esse esplendor Nasrita, em permanente reconstrução…
Uma última palavra para as mulheres Andalu. Os habituais olhos amendoados não são lugar comum: uns são para baixo, outros para cima, mas sempre misteriosos. O nariz sai ao pai, o que não lhes fica nada mal. Em Córdova provocam-nos de frente; em Granada tentam disfarçar. Não é fácil para um homem saber se é tradição ou vontade… A investigação fica para a próxima, quando já for “muley”.

Em jeito de balanço final direi: éramos 12 cristãos, voltámos moçárabes… ou seja, gostámos!
Agora, quem tinha razão era Afonso X, o Sábio, esse percursor do renascentismo e defensor duma cultura mista, obviamente odiado pelos padrecas, que não descansaram enquanto não expulsaram de Espanha os nossos irmãos muçulmanos. Se calhar era inevitável, mas foi uma pena. Se calhar foi assim que começou a próxima guerra mundial!
Quem sabe se a Ibéria não poderia ter servido de plataforma multi-cultural apaziguadora de conflitos regionais, evitando cruzadas sucessivas de incompreensão, que só Deus sabe onde “irão” parar!
Mais, como eu gostava de misturar Euros com Dinares; de filosofar com os tetranetos do Averoes sobre as subtilezas judaicas do Talmude; fazer um mestrado numa “madrassa”; morar numa “vivenda” com pátio “alcantarillado” (i.é., com esgotos); ter uma “almunia” (horta) na “vega” de Granada. Só não queria era as habituais quatro mulheres. Deve ser uma canseira…!
Por isso digo: porquê tanta guerra entre as Gentes da Escritura? Será que a fé provoca intolerância? Ou que a intolerância precisa da fé? Porque são infiéis os que acreditam noutra Verdade? E, afinal, o que é a Verdade?

FIM

(amanhã começa mais uma viagem do Turista Ocidental)