Claro que no Domingo podíamos ter continuado em Sintra. Por exemplo, podíamos ter ido a Almoçageme, Adraga, Cabo da Roca… Bela estrada!O posto de turismo passa artísticos certificados a quem pôs os pés no ponto mais ocidental da Europa continental, aqui “onde a terra acaba e o mar começa”. Latitude 38 47 Norte, longitude 90 30 Oeste, altitude 140 m.
Só que precisamente aos Domingos é dia do encontro semanal dos auto-intitulados “motards”. Uns tontinhos que enxameiam aquelas paragens, babando-se de cerveja morna, enquanto reportam desastres de morte anunciada, olhando embevecidos a cloaca ruidosa da própria cilindrada. Obviamente, não vamos!
É pena. Podíamos ter visto, lá em baixo, as “Baías dos Piratas”. Os Invernos eram rudes. A fome, grande. As tribos saloias que por aqui acampavam, sofriam o abandono real. Desciam da serra às pequenas enseadas escarpadas de acesso cavernoso. Acendiam lanternas dirigidas ao mar, iludindo os barcos com falsos faróis. O naufrágio era desfecho normal. Sobreviventes mortos... Barco saqueado.
Os piratas personificavam o “mal”. Eram conhecidos por “malveirões”. Deram o nome à Malveira da Serra, onde hoje fazem pacíficos cozidos à portuguesa, à moda saloia.
Já agora, isto de ser saloio não é depreciativo. Deriva de um imposto, a “çalaya” que, no tempo da primeira dinastia, era tributado aos mouros destas paragens para viverem em paz e plantar livremente as suas couves galegas. Depois, com a dinastia de Avis, o imposto passou a baptismo, sem nenhuma razão económica evidente. Mouros perseguidos, judeus à beira da fogueira. O estado novo no seu melhor... Saudades de D. Dinis!
(a continuar)
3 comments:
"sobreviventes mortos"???!!!
Claro, Anónimo. Sobreviviam ao naufrágio e eram mortos de seguida. Liberdades gramaticais...
Tenho as melhores lembranças do Cabo da Roca...
com certeza não era domingo.
Post a Comment