BLOGGINCANA - AGOSTO - CIDADES

As cidades são bonitas ou feias; tristes ou alegres; velhas ou novas... Mas não é isso que mais nos liga a elas. As cidades são os afectos, as vivências, os amores, as emoções que nelas vivemos ou que elas nos transmitem. Por isso consigo ver o Rio de Janeiro como uma cidade maravilhosa, linda e alegre e, no entanto, não fazer tensões de lá voltar. Dá-me má onda! Neste sentido, das dezenas de cidades que conheço por todo o mundo, destaco três: Lisboa; Bragança e Roma.

                                                                       LISBOA

Há em Lisboa uma luz transparente de aguarela; um brilho de diamante; uma textura de seda. Há em Lisboa uma nostalgia com futuro; uma alegria com passado. Há em Lisboa uma anarquia orgânica que é preciso dominar. Que dominada revela uma vida que funciona sem regras. Regras que não interessam para nada. Lisboa foi a primeira cidade global dos Tempos Modernos. Lisboa é hoje um mar de etnias que sentem a cidade como sua. Edifícios coloridos. Palácios nobres. Ruas estreitas. Avenidas rasgadas. Lisboa é uma cidade aberta. Uma cidade que te chama. Mas para a penetrar tem segredos que só as sete colinas desvendam. Antiga e moderna, Lisboa esconde-se de quem a não sabe ver. Um rio de prata na foz do grande mar. Praias no contorno sinuoso da Marginal. Música, arte, criatividade... Um desaguar de tendências que fogem da Europa e procuram Além-Mar. Uma cidade do Mundo... E, no entanto, toda a gente se conhece.

                                                 

                                                                   BRAGANÇA

Lá estão as raízes. A força telúrica do granito transmontano. Terra dos pais, dos avós, dos bisavós... Terra de celtas e visigodos, de romanos e judeus. Um misto de Portugal e Espanha. Terra de fronteira sem demarcação. Terra Ibérica. Nasci em Lisboa, mas quando piso Bragança sinto-me completamente em casa. Há uma identificalção imediata. Genética. Terra das raízes. Terra-Mãe.

                                                                       ROMA

A capital do Império. Roma, saudades do passado. Em todos nós, latinos, há um pouco de romano.Vemos o Imperador no Forum, as quadrigas no Circo... O Capitólio, o Tivoli... Vénus nas orgias sagradas das Vestais. Ruínas espalhadas em cada esquina. Ruínas que o tempo enobreceu. Percorri Roma com uma enorme facilidade de orientação, contrariamente ao que me é habitual. Como se já ali tivesse estado. Como se fosse de lá. Não sei se gostaria de morar em Roma. Mas, sem dúvida, sou romano.

(As duas primeiras fotos são minhas; a última é sacada da net).