10.10.10

A NOVA COMUNICAÇÃO SOCIAL

1 – Há vinte anos o telefone fixo, as cartas, telegramas e faxes eram ainda os meios de comunicação mais eficazes e fiáveis. A televisão emitia notícias conforme a orientação do canal e os jornais obedeciam a parâmetros rígidos de acordo com os respectivos estatutos editoriais. A interactividade era quase nula.
De repente tudo mudou. De repente tudo continua a mudar. Comunicar já não é receber notícias. Não é ser sujeito passivo. É ser notícia. Quem não está na net não existe. De repente há duas sociedades paralelas: a “sociedade on-line” e a “sociedade off-line”. E este fosso vai-se agravar, ao ponto de os nossos país serem analfabetos e muitos de nós, em breve, também.
Os novos meios de comunicação social vieram para ficar e muito está por inventar. A evolução é diária e esmagadora. Podemos mesmo atingir um ponto de esquizofrenia comunicacional, provocado pelo excesso de informação e pelo receio de estar fora desse “brave new world”. Aliás, vai ser aqui que as multinacionais vão assentar as baterias do marketing: quem não participa não existe!

2 – Para além deste primeiro risco, que por força da propaganda integradora globalizante, nos pode acabar por isolar como seres humanos, há um risco de manipulação ainda não totalmente entendido e muito menos resolvido. Podemos mesmo chegar a um nível de terrorismo “netiano”. Os actuais instrumentos de comunicação são aos milhares. Muitos atacam anónimos, incógnitos, insidiosos. Sem “curriculum”, sem escrúpulos, sem rosto. Podemos sempre ser envolvidos de forma inconsciente em esquemas mais ou menos obscuros. Dirão que já é assim com a televisão e jornais. Sim, mas há um controle, uma regulação e um código de conduta consolidados que impedem essa manipulação para além de limites “razoáveis”. Aqui não há e por definição não pode haver. Actua-se judicialmente quanto aos sites ou blogues que incitam a crimes de forma declarada e mais nada.
Como é evidente, este risco tem, por outro lado, a vantagem de acedermos a conteúdos muito diversificados. Podermos “comer” do que gostamos e não do pré-fabricado. Muita gente começa a desistir da TV. Em suma podemos escolher. E podemos falar com todo o Mundo. A globalização é um facto, do Japão à Amazónia. Descobrir e discutir problemas que a todos afectam, com uma rapidez de mega-byte. Criar grupos de pressão a nível mundial. Mudar o mundo. Criar novos modelos políticos e sociais mais capazes de enfrentar a globalização. Talvez seja o começo da criação de um único país planetário.

3 – É neste contexto que surge alguma dicotomia entre as redes sociais e os blogues. As redes sociais são um fenómeno com cerca de cinco anos que disparou com o Facebook e o Twitter. Os blogues parecem uma coisa do passado. E, no entanto, começaram em 2002! Cada um pode escolher onde melhor se sente. As chamadas “redes sociais” são imediatistas, pouco reflexivas (em geral) e de acesso rápido. Altamente comunicativas, padecem de profundidade. Estão mais viradas para o consumo informativo banal ou convites variados de festas e aniversários.
Os blogues, quando feitos a sério, requerem trabalho, pesquisa, aprendizagem, experimentação e maior responsabilidade. Aliás, há muitos blogues cuja mensagem (ou ausência dela) melhor caberia no Facebook. Diga-se, ainda, que muita gente tem deixado os blogues, aparentemente porque apenas queria comunicar, falar, comentar. E nesse particular, com excepção do futebol, os blogues não são o ideal. Há preguiça de ler, pouco tempo para comentar. Quem “faz” Facebook ou Chats, fica com falta de tempo para mais e vice-versa… E faz a sua opção.
Não cabe discutir o que é melhor ou pior; mais ou menos frívolo. A verdade é que podemos estar em todo o lado e acima de tudo pensar pela nossa cabeça. A integração de meios em breve nos trará surpresas. Surpresas que tornarão inútil esta discussão. A convergência vem aí.
Jorge Pinheiro (ver tb. em Olhar Direito)


13 comments:

João Menéres said...

Enquanto essa >CONVERGÊNCIA< não chega, eu fico-me na blogosfera.
Só respondo no Facebook quando me sinto "obrigado" a fazê-lo. Mas, logo esclareço: EU VIVO NO GRIFO PLANANTE ! E, SE QUISEREM SABER DE MIM, VISITEM-ME AÍ ! ATÉ DISPÕEM DO E-MAIL !
E, por concordar EM ABSOLUTO CONSIGO, trascrevo uma das suas considerações:
>Aliás, há muitos blogues cuja mensagem (ou ausência dela) melhor caberia no Facebook.<

É uma pena, no entanto, que algumas das nossas amigas tenham semi-abandonado os seus blogues.
Ainda hoje, li o que a Bé confessou. QUE DESGOSTO!
Mas, espero que lhe passe. Trocar este mundo pelo "vazio" do Facebook?
Nem parece dela!

Claro que a blogosfera EXIGE TEMPO, MUITO TEMPO MESMO!
E, sabe, Jorge, a que acho muita graça?
Aos blogueiros que se inscreveram como SEGUIDORES e que ao verificarem que não os visitamos, CANCELAM a sua SEGUIDICE...
Como se nos déssemos ao trabalho descobrir quem se abateu !!!

Um abraço sincero.

Anonymous said...

E que venha a convergência! Se não a nada a fazer... que venha a convergência!

Anonymous said...

Quero cumprimentar, particularmente, o comentário do amigo João. Assino em baixo!

João Menéres said...

EDUARDO

Sinto-me honrado !!!

Um abraço agradecido.

Selena Sartorelo said...

Olá,

Prezados e queridos senhores, hoje mesmo enquanto preparava o jantar pensava sobre isso. Falo exlusivamente por mim, pois sou a que melhor entre todos aqui penso que conheço. Acho inclusive que sempre quis falar sobre esse assunto e você Jorge teve o talento e conhecimento de abordá-lo tão bem.
São ferramentas diferentes desde que saibamos para que a usamos, e se temos criticas tanto aqui quanto lá porque não escrevê-las como tão bem vc fez. Penso que em todos os lugares mostramos o que somos pelos gostos e palavras que postamos e compartilhar esse gosto e opinião é onde entra o equilibrio do intelecto prudente, ousado, talentoso e etico de cada um. Existem os fatores reais..como o bom relacionamento com profissionais da área de sua atuação . Amigos próximos e pessoais, narcisistas e pseudos intelectuais. Mas como eu existem pessoas comuns e sinceras também. As com más intenções não merecem citações no meu entender...sei que são reais, sabem bem os senhores que já fui vitima uma vez, mas ainda prefiro vocês, pessoas especiais que em todas as ferramentas tem...as escolhas são nossas também.

Beijos senhores

João Menéres said...

SELENA

Se me incluis neste primeiro triunvirato,
THANK YOU VERY MUCH !

Um beijo (gostei de te ler, com SEMPRE !).

Jorge Pinheiro said...

Obrigado pelos adicionais. Trata-se de uma reflexão pessoal que nada contra ou a favor, como, aliás,refiro. Muito menos quanto às opções e ao hipotético elitismo de umas vs outras. Não há. São apenas opções. Resta dizer que o Twitter tem tido uma função política importante, no agregar vontades a nível mundial qd necessário(e isso não está muito bem expresso no meu post).

Jorge Pinheiro said...

"Obrigado pelos comentários adicionais..."

FAIRES said...

Caros,
Eu também gosto mais do blog, embora possa não parecer...
Quando me apetece partilho no Faceboock... Acho que são questões diferentes... Não há que escolher... em qualquer dos casos o que tem de ser fazer é usar e não abusar do que nos permite uma e outra área... Eu por mim tento manter-me entre aquilo e escrever o que me parece ser o correcto . Desde que haja ética, respeito e bom senso, meus amigos, façam favor. O uso e abuso destes meios é que muitas vezes me fazem pensar se realmente estes meios de comunicação foram um desenvolvimento tecnológico tão grande ou se pelo contrário, o que vale poucos ainda, foram a oportunidade para meia-dúzia de "cobardes" e sem qualquer sentido ou conhecimento do significado da palavra ética, usarem como anónimos insultando e acusando pessoas de bem e de trabalho, que lutam dia a dia pela melhoria deste país.
Emais não pergunto ...
Um abraço a todos que usam estes meios para exporem as suas ideias de uma forma clara e honesta...

Jorge Pinheiro said...

Uma excelente reflexão e contributo. Abraço.

Mena G said...

Acabei de me aperceber que já existe FBlogue. Nem sei bem como a malta se mexe "nisso"...

Selena Sartorelo said...

olá Jorge,

Adicionais...thanks.

Jorge Pinheiro said...

Pois, isto vai tudo convergir.