8.3.11

URBANISMO INVERTIDO

De volta a Fortaleza, impressiona o volume da construção na orla marítima. A grande maioria das cidades brasileiras obedecem ao mesmo padrão. A frente marítima tem um calçadão largo, uma estrada marginal e, logo atrás, uma imensidão de prédios de 20 e 30 andares (quando não é mais). Prédios que tapam o horizonte. Uma muralha compacta de betão. Uma extensão brutal de prédios com vista total de mar. Por isso as cidades são tão extensas.  Prédios de gente rica. Apenas dois ou três quarteirões (quadras) mais atrás fica a sombra. Casas sem vista. Moradias unifamiliares, em estado mais ou menos decrépito. Um pouco atrás, ainda, começam as barracas. Apenas em quatro quadras o urbanismo chique dá, inevitavelmente, lugar a favelas urbanas. Surpreende este urbanismo invertido. Uma lógica preversa de valorização máxima das mais valias da frente marítima. O mar esconde-se dos pobres. Com tanto espaço, fica por entender porque não se impôs outro urbanismo que garantisse a vista de mar e um maior equilíbrio social..

15 comments:

Anonymous said...

A explicação é simples: como o SOL nasce para TODOS ( ricos ou pobres ) essas construções altíssimas na orla fazem SOMBRA na praia, e o pobre pode dela DESFRUTAR também!!!!!Simples assim!

Li Ferreira Nhan said...

Um horror!
Os prédios altos se tornaram os vilões do verão na orla.
Em Santa Catarina, no Balneário Camboriú, a praia fica a sombra; nem é necessário o uso do filtro solar.

byTONHO said...
This comment has been removed by the author.
byTONHO said...



Os prédios são "toldos" voltados para o mar...

"O S☼L nasce para 'toldos'... ricos!"

Isto é argh!uitetura?!

:)

João Menéres said...

Mas de manhã há sol na praia, não, LI ?

E lá ao fudo, para lá daquela rotunda que tem uma espécie de obelisco, parece que os prédios de múltiploa andares AINDA não chegaram...
É um problema, quanto a mim, sem solução.
Se na 1ª linha, houvesse umas moradias (menos ou mais luxuosas), também as da 2ª linha ficariam a ver o mar por um canudo...
Com estes prédios (que fecham realmente a vista), quantas centenas (milhares ? ) de pessoas não beneficiam de uma vista soberba ?

Moeda de duas faces, sempre.

Um abraço.

Li Ferreira Nhan said...

Sim João,
mas os prédios roubam mais de 6 horas de sol em pleno verão.
As imagens das praias com a silhueta das sombras dos prédios na areia é surreal. Os banhistas ficam andando com as cadeiras a procura do sol. Aqui em São Paulo, no Guarujá, já começa a ocorrer esse fenomeno.
A especulação imobiliária não tem limites.

Jorge Pinheiro said...

Certo Li. Acresce que o Sol no Brasil se põe em terra. É uma confusão. Os Planos Urbanístico estão de pernas para o ar. Vítimas de interesses obscuros. O principal ponto é esse. Não é exactamente dar Sol aos pobres. O que se diria aqui se tentassem construir na arranha-céus na primeitra linha do Tejo? Nos poucos casos que existem, é considerado um escândalo.

Jorge Pinheiro said...

Mais se fosse em escada de trás para a frente, como mandam as regras, nada disto se passaria. Agora só uma bomba atómica.

peri s.c. said...

Jorge

Não é mau urbanismos, é falta de urbanismo .

Em países jovens como o nosso, os Grandes Capitais é que mandam e fazem o que bem entendem sem freios, mediante farta distribuição de propinas e financiamento de campanhas políticas de partidos e candidatos.
O que importa são os grandes interesses econômicos, a cidade que se expluda.
E os detentores destes capitais é que moram nos apartamentos de cobertura desses edifícios, querem a vista só para eles.

E os planos urbanísticos existentes, feitos por técnicos , são descaracterizados quando vão à aprovação em nossos órgãos legislativos .

Jorge Pinheiro said...

Mauro: estava à espera do seu comentário abalizado. É um pouco assim por todo lado. Nalguns sítios abusa-se.

João Menéres said...

Aqui no Porto, na marginal do Rio Douro, na zona da Arrábida, há uma falésia bem granítica.
E foram construídos uns prédios de andares que não roubam a vista a quem mora lá no alto em casas mais modestas.
Parece-me a solução ideal neste caso, pelo menos.

Jorge Pinheiro said...

Sem dúvida, João.

peri s.c. said...

Jorge
O abuso já é um excesso .
Fica pior quando se excedem nos abusos .
E pior ainda quando o excesso de abusos vira uma norma.

Jorge Pinheiro said...

Uma norma a evitar. Nestes casos já nada a fazer.

Claire-Françoise Fressynet said...

Se Anatreza entrar por ai dentro é que vamos ter espectáculo, caneco! viste no Japão que força!