22.4.11

PÔNCIO PILATOS

Não havia nada que o procurador detestasse mais no mundo que o cheiro do óleo de rosas. E tudo prometia que o dia ia ser mau, pois o cheiro perseguia o procurador desde o amanhecer. "Deuses, porque me castigais? Esta enxaqueca que me crava as garras em metade da cabeça... sem remédio... sem fuga. Tenho de evitar mover a cabeça". Saiu para a colunata coberta entre as duas alas do palácio de Herodes. No piso de mosaico havia uma cadeira à sua espera. O procurador sentou-se sem olhar. Estendeu a mão para o lado. O secretário colocou-lhe uma folha de pergaminho à frente. "O réu é da Galileia? Enviaram o caso ao Tetrarca"- perguntou. "Sim, procurador. O Tetrarca recusou-se a resolver e ordenou que a sentença de morte do Sinédrio te fosse submetida"- respondeu o secretário. Crispado, Pilatos ordenou, "Tragam o réu"...

Excertos de "Margarita e o Mestre", de Mikhail Bulgakov.

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