7.5.11

LISBOA - LEIAM QUE É INTERESSANTE


Em 1755, o Terramoto arrasou lisboa. A baixa foi reconstruída de raiz. Ainda hoje se mantém quase intocada. A reconstrução foi aproveitada para criar uma cidade moderna. Assente numa malha rectílinea e rectangular, a cidade tornou-se transitável. Onde antes havia ruas estreitas e completamente curvílineas, ruas onde nem uma carroça passava, apareceram ruas amplas e rasgadas. Provavelmente estaremos a precisar de outro terramoto, para crair novas acessibilidades.
Saber se a Baixa e principalmente o Cais das Colunas (Praça do Comércio/Terrero do Paço) teve ou não inspiração maçónica, é um exercício interessante. Não há provas concretas de inscrição ou frequência em Lojas maçónicas por parte do Marquês de Pombal.. Porém seu irmão, Francisco Xavier de Mendonça (Governador do Pará e Ministro de D. José) era Mestre Maçon. E outros colaboradores próximos também estariam ligados à Maçonaria. É o caso dos principais arquitectos da reconstrução post-terramoto: Manuel da Maia, Carlos Mardel e Eugénio dos Santos.
Aliás, essa reconstrução poderá ter obedecido a uma visão simbólica-utópica dos ideais maçons. Façamos uma pequena especulação com base na Praça do Comércio.
Tal como num templo maçon a praça é rectangular, estando o seu maior eixo orientado no sentido este-oeste. A oeste duas colunas que poderão representar as colunas Jachim e Boaz. As colunas teriam sido construídas no templo de Salomão, pelo arquitecto Hiram e correspondem ao Sol e à Lua , simbolizando a oposição entre o masculino e o feminino, o activo e o passivo, a luta entre as forças construtivas e destrutivas do universo.
As colunas enquadram perfeitamente a estátua de D. José e o arco da Rua Augusta. A estátua equestre está ao centro, no local onde se situa o altar num templo maçónico. A estátua, porém, nada tem de parecido com as feições do rei. É um cavaleiro segurando um ceptro de cinco pontas caminhando sobre serpentes. Tudo isto nos remete para a alegoria de S. Jorge e o Dragão, simbolizando o triunfo do bem sobre o mal.
O número de arcos da Praça é igual ao número de cartas do Tarot, podendo, assim, representar o jogo da vida, com 11 de cada lado do arco, perfazendo 22 arcos, que é o número dos Arcanos Maiores e 28 de cada lado da Praça, somando 56, que é número dos Arcanos Menores. Será a Praça um gigantesco jogo de Tarot?
Unindo as três cabeças das estátuas no cimo do Arco do Triunfo (na Rua Augusta), encontramos um perfeito triângulo equilátero, o "Delta luminoso" que simboliza a divina trindade: o passado, o presente e o futuro; a sabedoria, a força e a beleza; o nascimento, a vida e a morte, etc. A Rua Augusta será a rua dos "perfeitos", ladeada pelas ruas do Ouro e da Prata, sugerindo a Grande e a Pequena Obra Alquímica (transformação das matérias em ouro e prata).
Uma outra visão da Praça que, não interessando para nada, interessa para qualquer coisa.



13 comments:

Anonymous said...

Então...que venha outro...srsrsr

daga said...

as coisas que tu vês!! extraordinária essa visão mística da praça! é sempre interessante conhecer outra perspectiva...
desconheço por completo os símbolos maçons ou do Tarot, portanto émais uma coisa a aprender ;)
beijo

myra said...

quantas coisas eu aprendo com voce!

Jorge Pinheiro said...

E um novo terramoto bem que nos poderia tirar da crise. Apelo às forças telúricas.

João Menéres said...

Este/Oeste ?

Mylla Galvão said...

Visto dessa maneira, ganha outro feitio e outro contorno...
VC já leu o símbolo perdido do Dan Brown? Me senti transportada para uma das aventuras do livro...

Adorei teu texto, Jorge!

Abraços

Jorge Pinheiro said...

João: é a orientação (+ ou -)

Jorge Pinheiro said...

Mylla: ainda bem que gostou. O Dan sabe muito:))

Helena Oneto said...

Caro Jorge,
O Terreiro do Paço, é para mim, uma das praças mais bonitas do mundo que conheço! Desconhecia completamente as origens maçonicas de que falas. Muito interessante!

Jorge Pinheiro said...

Dizem...

Anonymous said...

Como arquitecto à beira de ficar sem trabalho,confesso que por vezes quase desejo desesperada e perversamente o tal terramoto pelo tanto que haveria a fazer (e melhor). No entanto recuo perante o previsível horror, além de que ninguém me garante que não seria uma das inúmeras vítimas.
ORTEGA

Jorge Pinheiro said...

Ortega: tudo incógnitas. Abraço.

João Menéres said...

Não quero teimar !
Mas, ao meio dia ( ± ), o sol não cobre a Rua Augusta de baixo a cima ?