4.4.12

UMA QUESTÃO DE FÉ

Nunca entendi porque não acredito em Deus. Tinha tudo para ser um excelente crente. Tenho um medo horrível de morrer. Não me apetece nada ficar às escuras para toda a eternidade. Detesto a ideia de não ver mais ninguém para todo o sempre. Penso que são estas as grandes motivações dos verdadeiros crentes. Então que se passa comigo?! A verdade, é que era bem mais simples se acreditasse na vida imortal, nos paraísos divinos, na reencarnação... Enfim, nessas coisas que nos dão um imenso sossego post-mortem. A vida não está fácil para quem não tem fé. Fartamo-nos de sofrer e não temos recompensa. Deus sabe que me tenho esforçado muito por acreditar. Todos os dias rezo para ter fé, mas o raio divino não me cai em cima. Como seria fácil... Até a recessão sabia a pouco. E afinal o que é a fé? Uma crença irracional à qual não se chega pela razão. Ou seja, algo que aparentemente seria fácil de ter. Bastava não pensar. Não raciocinar. Mas, mesmo ficando três dias sem pensar não me acontece nada. Portanto, tem de haver algo mais. Escapa-me essa dimensão simples da crença. E logo por azar, dizem que é a mais importante:  a preparação para a Outra Vida. Mas se eu não acredito nisso, o que ando aqui a fazer?

25 comments:

Fatima Cristina said...

Jorge, se você reza todos os dias já acredita e nem percebe!
Beijos!

byTONHO said...



É bem mais fácil VIVER,
crendo em DEUS,
ou fingindo que...

Eu nem rezar faço...

Acredito no olho no olho,
na pureza do ser, na sinceridade,
mas dizem que sou inocente...

Não gosto das contradições dos que dizem ter FÉ.
Estou falando de pessoas,
esclarecidas, inteligentes,
"bem sucedidas emocionalmente",
não dos que tem a "fé cega", "ignorantes", simples e que até temem a DEUS.

Eu sofro demais por não crer neste tal DEUS, não o Cristo... que a história conta ser um iluminado,
um "socialista" pela preocupação com os "irmãos".

→ Vou indo na mesma direção dos que tem fé, lado a lado e as vezes bem convicto de que "meu passo está mais certo" nesta marcha.

O resto são "IGREJAS" enganando quem tem FÉ!

Que tem que haver outra coisa, depois da VIDA, creio, porque ESTA é muito injusta e pouca!

"Amém-Doin-tor-Rá-do-uma-ARMA-zen!"

:o)

Mena G said...

Fé? A mim também me escapa... A diferença é que não tenho medo nenhum de morrer. Vou melhorar o rancho neste fim de semana e comprar umas gramas de camarão da rocha para o almoço de Domingo. Vai saber-me pela vida!
:)))

Jorge Pinheiro said...

Então se não tens medo de morrer, estás safa e não precisas ter religião. Estás dispensada. Agora eu tenho medo e não tenho religião... grrrr!

myra said...

sabe, Jorge, eu penso
como voce, somente nao tenho medo de morrer!!!

Luísa said...

Quem não acredita já pondera a sua existência!
Medo da morte? Porquê? Sabemos só que é a única certeza que temos depois de nascer....um dia vamos morrer!Não quero que venha, mas que quando vier eu tenha a missão cumprida!
Fé em Deus? Que bom é tê-la e sentir a Sua Mão na minha vida!
Beijinhos mil

Anonymous said...

Há pessoas de boa fé e
pessoas de má fé.
E isso indepente de crença e religião. Depende do caráter!

Morrer é a única certeza Jorge.

Dizem que na hora aparece uma "luz branca"...(?)

Mas se vc tem medo da morte vai um conselho; na hora "H" fuja da luz branca, dá meia volta e volte.
:)
um beijo
Li

Maria de Fátima said...

vamos combinar? fazer um pacto? tu escreves e eu assino por baixo? é que é tal e qual o que eu escreveria,se escrevesse sobre isso (se soubesse...)
e acrescento. quão mais fácil seria ter uma igreja, um bando de fiéis sempre preocupados comigo e eu com eles, saber que fazíamos um corpo...
é que eu nem nessas ideologias paralelas às igrejas como seja os espíritas e os dailálamas e quejandos
masl ouço arregimentações de cariz crente digo para mim: quem me dera, mas eu coloco sempre questões..
talvez um dia me torne vegetariana, mas isso sem uma fé diz que não resulta
tou feita!
(e eu tenho outra, grave, é que não é só a fé no além que me falta, eu nem em ideologias: eu nem num partidozeco me revejo...)

Jorge Pinheiro said...

Nunca ninguém me conseguiu explicar a não-fé. As pessoas que têm religião, ou são meramente religioosos sociais (são assim por tradição e cultura) ou acreditam a sério. As primeiras, não sabem explicar, porque tb não têm verdadeiramente fé; as segundas, nem entendem o que estamos a dizer. Qt a ter medo de morrer, claro que todos têm. Não querem é pensar nisso. Acho bem!

Jorge Pinheiro said...

Fátima: qt às "manadas" religiosas ou políticas, estamos de acordo. Faz-me imensa impressão a ritualização. Por isso não gosto de clubes. Mas, em termos religiosos pode ser um exercício solitário. Ninguém tem de se sujeitar a fantuchadas cerimoniais ou a pontifex. Mais uma vez, é preciso fé. Neste caso, ainda mais!

daga said...

A fé e a razão são coisas separadas mas não inconciliáveis, eu acredito em Deus e no entanto sou muito racional (não adianta deixares de pensar 3 dias - coisa que não consegues ;). A fé não se explica, é mais emocional, baseia-se no amor (no caso do cristianosmo), mas confere realmente um sentido para a vida que falta aos não-crentes racionais.

Jorge Pinheiro said...

Estou feito...

peri s.c. said...

Jorge
Talvez já estamos na " outra vida", aqui é o Paraíso ou o Purgatório ou o Inferno , conforme o caso, mas todos juntos.

Silvares said...

Não desanimes.

Jorge Pinheiro said...

Mauro: talvez...

Jorge Pinheiro said...

Rui: continuo à espera do raio. A chatisse é que não depende de nós!

Fatyly said...

Isto daria pano para mangas e só mesmo falando no real:)

Ao contrário de ti e de alguns comentadores, todos nós acreditamos e temos fé em algo que está muito além da nossa mente ou melhor acima de nós. Eu chamo Deus, outros Sol, Buda, Lua, Sol e como um amigo meu (tribal) uma simples pedra. Mas acredita e assim vai enfrentando o destino, que sim, nisto acredito todos nascemos com ele traçado e ninguém consegue escapar e deverá enfrentar tudo que nos é atribuído. Não ando atrás dos outros porque que sim e jamais frequento cerimoniais religiosos e vê lá tu que para ir à missa para acompanhar a minha mãe (o que é raro) levo rebuçados para não adormecer:) e quando passa a cesta das esmolas dá-me vontade de tirar em vez de pôr, o que nunca ponho. Forreta? Não...que vendam a riqueza e não critiquem outras religiões que cobram o que cobram.
Não acredito na eternidade (excepto quando se deixa obra feita e aí o nosso nome é lembrado:)) e muito menos na reencarnação.
Sou imensamente curiosa nessas coisas (não fosse eu de um país com tantos deuses e rituais) e já li e vi tanta coisa que me leva a pensar e respeitar que cada um é como cada qual e que o há além da morte ninguém sabe, mas deve ser melhor porque ninguém ainda veio contar com medo que fique completamente esgotado, nem o meu pai que disse que vinha e ainda não apareceu hehehehehe

Não tenho medo de morrer, tenho medo do sofrimento e anda sempre comigo um papel para que se me der a travadinha que não me recuperem, mas que esperem que a natureza faça o seu papel e maisnada! Quem não cumprir ai, ai:)

Rezar, não é como quando aprendemos a tabuada, em que sabíamos a música, mas a letra por vezes só com a palmatória dos 5 olhos, ou seja verbalizar o Pai-Nosso e outros e o pensamento andar na praia, nas preocupações etc.
Rezar é falar com "aquilo que acreditamos" e olha que eu refilo tanto, mas tanto que por vezes mando-o à mãezinha dele LOLLL, mas acredita que fico em paz e quase sempre é à beira mar, a conduzir onde por vezes dou vazão ao caldeirão das lágrimas que não param mesmo...de tal forma que numa brigada de trânsito o Guarda perguntou-me porque chorava e saiu-me: porque o senhor é um jovem muito bonito ao contrário de mim que já sou velha lollllllll ora, ora, ficou a saber o mesmo:)

Gosto de entrar numa igreja vazia,mas já detesto algumas imagens que metem medo ao susto, gosto de ir a Fátima longe das comemorações, velas só as compro quando me pedem e pagam...porque não alimento burros a pão de ló.

"O que andas aqui a fazer" é seres Tu MESMO, que para mim és um sábio através da escrita, tens a tua dose de Fé, porque o que aqui expões é questionares o teu "eu" e portanto ao não acreditares no que a maioria acredita é a tua própria Fé e portanto meu amigo, acredita...que o inferno é aqui e aqui na terra que se pagam todas as facturas. Pensa que se chegaste à idade que chegaste por algum motivo foi e vive um dia de cada vez a 200% e vamos em frente que atrás vem gente.

Lembra-te que amanhã não come carne, mas sendo eu como sou, já assei uma naco de porco, mas volta e meia esqueço-me que já não cozinho para o batalhão, mas apenas para mim...e já dei solução: congelar para as emergências o que dá jeito porque a bolsa não dá para ir comer fora.

Ámen e que Deus te abençoe meu filho heheheheheh (desculpa)

Um abraço

Anonymous said...

Fé não tenho, nunca tive e nem sei se virei a ter ...
Religião idem, com a diferença que sei que não virei a tê-la, a não ser que me fuja, por completo, o juízo.
Viver sem fé é um viver mais pesado, mais difícil. Mas fé não se compra ali na loja da esquina. O que fazer?
Digo-lhe só mais uma coisa: tenho muito mais medo da velhice do que da morte. A morte, às vezes, pode ser um sossego. A velhice é um desassossego. A morte tudo apaga e é o fim. A velhice é um morrer devagarinho ...

Jorge Pinheiro said...

Fatyly: Um verdeiro statement. É por comentários destes que acho que vale a pena blogar. Boa Páscoa!

Jorge Pinheiro said...

Anónimo: a mesma resposta que dei à Fatyly. Sim, também esse será o receio.... mais racional. O outro é "apenas" pânico.

Selena Sartorelo said...

Olá Jorge,

Êta tema difícil de comentar...a fé que nos move mesmo sem fé..mas tenho..tenho que ter..alguma coisa essa fé há de ter. Questiono sim como morrer pois até fato de dar ainda estarei viva..e aiii é tenho sim é medo de doer...depois que pode dizer?

Anonymous said...

Fé é a "coisa" que justifica os crentes a crerem em coisas incríveis ( no sentido de: não críveis ) e não se passarem por tolos!

Jorge Pinheiro said...

Selena: não ando muito martirizado por não ter fé. Mas que facilitava, sem dúvida.

Jorge Pinheiro said...

Eduardo: gostaria de saber porque não se sentem ridículos esses que têm fé (os que têm mesmo).

Anonymous said...

Jorge, boa pergunta!
Talvez a vergonha e "ridículo" fiquem protegidos pela dita FÉ. Não foi uma escolha consciente, deliberada, foi ato e causa da FÉ o responsável pelas suas escolhas.