23.12.14

SERRA D'OSSA - VII

 
Para os vegetarianos, verdes e outra gente sustentável, o Alentejo é um pesadelo. Não há saladas e até parece mal falar disso. Tudo são assassinatos em série perpetrados por indizíveis montanheiros que depois se desculpam ocultando as provas no meio de barros e tanhos, cozinhadas e disfarçadas com ervas aromáticas. E nós somos cúmplices involuntários dessa maldade  primária que é matar para vender. E até nos viríamos embora enxofrados, não fora o "corpus delicti" estar absolutamente supimpa.
 
 
Entra primeiro o cozidinho de grão, bem apuradinho com carnes deliciosamente gordurosas e hortelã para cortar;  a feijoada de lebre, polvilhada de cenoura, algum coentro e onde pontuavam favocas de sabor intenso, apresenta-se macia e com aquele sabor cinzento adocicado da caça corredora; vem por fim o guisadinho de javali, tenro como um bebé, com a cebola em ponto de pérola e tomate qb. Desengane-se quem pense que ficou caro. Com litros e litros de vinho, queijo e sobremesa, 20 euros por pessoa. Recomendo uma ida aos "Gémeos", em Santiago de Rio de Moinhos, para os lados de Bencatel.
 
O passeio estava terminado. Resta a sonolenta viagem de regresso a casa numa modorra doentia entre o sono e o traque. A fermentação do grão com o feijão e as favocas, laçam-nos para patamares de grande exigência na condução e dificulta a convivência dentro do habitáculo. Resta um passeio forçado por entre as vinhas para aliviar tensões e permitir exaustão dos gases mais nocivos antes do derradeiro esticão até Lisboa.

5 comments:

João Menéres said...

Trouxe o traque de que prato ?

Jorge Pinheiro said...

Eram muitos...

João Menéres said...

Tempo de fartura...

Anonymous said...

Farta flatulência devido a fartura. Muito beeeeeeeeem!

Jorge Pinheiro said...

Tudo serve para contar histórias.