A passagem de ano gera um sentimento equívoco que se agrava com o passar dos anos. Ainda me lembro quando os famosos votos das doze passas eram coisas vibrantes carregados de perspectivas futuras e simbologia astral. Este ano, confesso, tudo se limitou a uma meia-noite banalizada no desejo que a artrose lombar deixe de me incomodar a curto prazo. A simples decorrência de mais um ano gera uma angústia existencial que nem os brindes de ocasião conseguem disfarçar. O tempo passa e nem o optimismo de saber que já cá andámos mais um ano retira a certeza que outro ano já passou. O que dantes recordávamos com lentidão, agora corre na velocidade das décadas. De repente tudo passou há dez anos e tudo parece que foi ontem. O tempo encolheu nas celebrações anuais. E celebramos os anos que morrem na angústia do esquecimento.
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7 comments:
Pois é e o que te dizer perante isso? Acho que a dor na lombar te anda a apoquentar e sei perfeitamente que é dose.
Deixa lá correr o tempo e agarra-te às coisas boas que vais tendo, certo?
Este teu desabafo doeu.
Muito bom o final do texto, Jorge !
Quanto ao sério incómodo de que sofre ( ignorava ), sugiro que aplique bálsamo de cavalo.
Se aceitar a sugestão, diga-me depois se não sentiu alívio.
É mais ou menos o que todos pensamos, quando atingimos uma determinada idade, e os achaques dessa idade nos apoquentam.
Um abraço e desejos de rápidas melhoras.
Parafraseando o nosso ex-chefe de governo: não sejas piegas! "Bora" lá almoçar!
Com exceção do problema na lombar (o meu é na cervical) e a tal angústia existencial, concordo com tudo.
Realmente... Não somos mais crianças e a magia se desfez, principalmente pelo fato de que as pessoas que com nós partilhávamos a infância já não participam do tempo atual.
Que venham as crianças para nos motivar a celebrar!
Mesmo assim com o exposto, desejo que seu e o meu 2016 seja com menos angústias e dores.
Beijus,
Obrigado a todos e sinceros votos de Bom Ano.
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