18.7.16

A ACRÓPOLE DE TOMAR

Neste monte sagrado está o Castelo de Tomar (a sede dos Templário), a Charola Templária e o Convento de Cristo. É porventura a momento nacional mais hermético de todos. Vale um dia de visita guiada, mas bem guiada.
Os Templários já por cá andavam desde o Conde D. Henrique que, aliás, veio da Borgonha, região de forte implantação templária, ali muito perto dos Cátaros e que muito ajudaram a fundar a nação portuguesa. Gualdim Pais, o primeiro Grão-Mestre foi o grande responsável pela conquista do reino.
D. Dinis e a “iniciática” rainha, empenharam-se fortemente para evitar a condenação da Ordem em Portugal, aquando da sua extinção (1307) e patrocinaram a criação da Ordem de Cristo, que acolheu os ex-templários (nacionais e não só), cuja impulsionou e financiou os Descobrimentos, criando, em Portugal, a Ordem de Cristo que recolheu muitos templários, refugiados de França.
Seguramente herdou bens e segredos da Ordem, bem como grande parte da frota atlântica templária que passou a abrigar-se em Peniche, possivelmente na zona de Serra del Rey.
Criada em 1319, a Ordem de Cristo tem como primeiro Grão-Mestre, Gil Martins. Durante 20 anos tem sede em Castro Marim, por causa da ameaça muçulmana a sul. Em 1339, regressa a Tomar, antiga capital templária.
Com frota marítima, com dinheiro, com o pinhal de Leiria e com ideais, D. Dinis começa a perspectivar a epopeia dos Descobrimentos: a Escola de Sagres é fundada pela Ordem de Cristo. A missão de reunir oriente e ocidente mantém-se...!
Se Portugal é, desde a fundação, um pais templário, com D. Dinis passa a ser da Ordem de Cristo!
Com D. João III a intervenção da Inquisição, já tolerada por D. Manuel, é reforçada fortemente. Rompe-se a tradição de tolerância. Portugal rende-se à Europa dogmática. A Europa telúrica perde a liberdade que ainda remanescia em Portugal. A Ordem de Cristo é neutralizada, passando a ser apenas monástica. O Castelo de Tomar transforma-se em Convento de Cristo. A população civil que vivia intra-muros é transferida para a Corredoura (hoje Rua Serpa Pinto), arrabalde de Tomar, onde hoje se situa a cidade.
D. Sebastião, eleito Grão-Mestre da Ordem de Cristo, ainda tenta uma desesperada marcha-atrás. Renega a educação jesuíta e procura “… restituir os antigos costumes a que sou afeiçoado…”, como ele próprio refere e que, como já vimos, foi um valente disparate, visto que o “ciclo heróico” já tinha acabado com D. Manuel. É uma pena estas coisas só se perceberem com perspectiva histórica!
Terá D. Sebastião descoberto o “tesouro templário” que poderia, no todo ou em parte, estar escondido em Tomar? Terá sido com esse tesouro que o “rei-sonhador” financiou a enlutada “cruzada” de Alcácer-Quibir? Teria, assim, feito recair sobre si e sobre Portugal uma maldição, ao utilizar o ouro dos Templários para fins alheios ao objectivo a que se destinariam?
Desaparecido em combate, aos 24 anos, a 4 de Agosto de 1578, D. Sebastião entra directamente para a zona mítica dos “reis escondidos”, dos “superiores desconhecidos”, que no fim dos tempos serão Imperadores do Mundo, dando, assim, uma perspectiva messiânica ao nosso nevoeiro e convertendo um puto profundamente traumatizado num “alumbrado”.


In "Turista Ocidental", da minha autoria (2007)

8 comments:

João Menéres said...

Não está lembrado de uma imagem que postei da Charola ?
Na altura, estava em obras, mas tentei não incluir os andaimes.
O TURISTA OCIDENTAL acabei de ler naquele Cruzeiro ao Brasil.

Jorge Pinheiro said...

E já lá vão quase 10 anos!!!

João Menéres said...

É verdade !
Como o tempo voa...

João Menéres said...

A minha Charola saiu em 16 de Setembro de 2010.

Anonymous said...

Muita história

Li Ferreira Nhan said...
This comment has been removed by the author.
Li Ferreira Nhan said...

Conheci Tomar num dia ensolarado de visita além de bem guiada, muito bem acompanhada de pessoas muito bem queridas.


Li Ferreira Nhan said...

Deletei acima,
o comentario sai duplicado e cortado; problemas no smartphone :/