12.1.17

COMIGO MESMO - XXXIV


Muito provavelmente a sinagoga de Bragança situava-se, por volta de 1930, num edifício da actual Avenida João da Cruz ou, mais provavelmente ainda, no nº 23 da Rua Direita, para onde foi transferida pouco tempo depois, após a vinda de um rabino de origem inglesa do Porto. Na década de 30, depois da morte prematura do filho desse rabino, ele próprio se afastou, tendo sido possivelmente o último rabino a oficiar na cidade.
Na verdade a localização dos locais de culto judaico não é fácil. Basta dizer que no tempo de D. Manuel I o culto é proibido, passando a ser praticado de forma oculta em casas particulares. Só no primeiro quartel do século XX há um recrudescimento do culto judaico em todo o país.
A vida dos judeus marranos (convertidos à força que mantiveram o seu culto escondido), como é sobejamente conhecido, nunca foi fácil, embora eles também não facilitem. Já agora, sobre a palavra “marranos”, diz-nos o Capitão Barros Basto (conhecido como o “Apóstolo dos Marranos”) que a sua etimologia está na língua hebraica: “mar” que significa “amargamente” e anuss” que significa “forçado”. Ou seja, os judeus são um “povo amargamente forçado” a errar pelo mundo, desde que o Templo de Salomão foi arrasado pelos romanos. Mais prosaicamente, Elvira Mea (professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto), explica que a origem do termo "marrano" começou por aplicar-se pejorativamente às pessoas que, embora baptizadas, continuavam a "marrar" na Torah; no século XX, a palavra tomou uma conotação elogiosa, designando quem, resistindo à opressão inquisitorial, manteve a fé judaica.

4 comments:

Li Ferreira Nhan said...

No Rio de Janeiro usa-se com frequência o "marrento". É uma gíria regional para definir uma pessoa cheia de marra, de coragem, abusada, que se acha a tal, difícil de se dobrar e conquistar, com fama de durona.


João Menéres said...

LI

Obrigado pela achega !

BJ.

Anonymous said...

É realmente "marra" se usa aqui para expressar força. " Entrou na marra".

Jorge Pinheiro said...

Não esquecer que os judeus têm um movimento de cabeça para a frente quando estão a rezar. Talvez seja mais isso.