13.1.17

COMIGO MESMO - XXXV


Lembro-me muito bem do meu avô Domingos António Ferreira e da minha avó Olinda Adélia de Barros, pais da minha mãe. A descrição que se segue é da minha prima Guida que, juntamente com os pais e a irmã, a Luísa, moraram em Bragança até a 1967: “Ao fim do dia, o avô tratava do quintal onde cultivava tomates, feijão-verde, alfaces, couves, nabiças e flores. Havia também um canteiro com rosas brancas e vermelhas. O avô, com o seu ar de Clark Gable, trazia um botão de rosa que depositava nas mãos da avó e, com um beijo na testa, dizia: “Ó Linda, é para ti". Depois mudava de roupa e sentava-se no alpendre da casa, sobranceiro ao quintal, bebia um whiskey, fumava um cigarro e aguardava o jantar. A avó Olinda era uma avó bonita. Usava os cabelos brancos, apanhados com uma trança enrolada na nuca, conseguia ter um ar de cumplicidade tal com os três netos que cada um deles pensava que era o especial.
A avó Olinda oriunda da família Barros era professora primária e dava aulas em Vila Franca de Lampaças, uma aldeia próxima de Bragança. Nela permanecia toda a semana. Nessa altura as escolas tinham ao lado a casa da professora, e assim, ela levava os seus dois filhos que as vizinhas cuidavam, enquanto ela dava aulas aos filhos delas. O avô fazia visitas de surpresa. Aparecia de moto, capacete de cabedal e óculos de aviador, e surgia na estrada batida, como uma aparição vinda do futuro...”
PS: na foto, a avó Olinda e o avô Domingos.

4 comments:

João Menéres said...

Gostei do Ó LINDA
E do resto também, claro.

Anonymous said...

Aprofundando na família...

Fatyly said...

Tenho estado a acompanhar esta tua escrita sobre o teu passado e antepassados e tenho gostado muito, embora não comente.

Um abraço

Jorge Pinheiro said...

OK Fatyly. Obrigado.