25.4.10

25 DE ABRIL SEMPRE


Há um conjunto de valores democráticas que se conquistaram com o "25 de Abril". Quem nasceu antes valoriza esse momento enormente. Quem nasceu depois não entende. Para Portugal foi essencial conquistar a liberdade de expressão. A livre escolha política. Ter eleições livres. Poder escolher. São coisas óbvias. Coisas que damos como adquiridas. Mas não são. Não eram então e poderão voltar a não ser. No "25 de Abril" conquistou-se a liberdade, mas não a igualdade de oportunidades, nem a fraternidade de cidadãos. O egoísmo impôs-se. A solidariedade nunca chegou. Mudou-se o regime, mas não se mudaram as mentalidades, nem as pessoas. E essas pessoas aproveitaram-se do regime. Portugal mudou muito. O mundo ainda mais. Comemorar hoje o "25 de Abril" não passa de uma liturgia fantasmática desse grupo de pessoas que se apropriou do regime.

18 comments:

Maria Augusta said...

Jorge, só se dá valor à democracia quando não a temos...quando ela existe nem sempre a cultivamos, é preciso ter responsabilidade e fazer boas escolhas. O problema é que às vezes é difícil identificar a boa escolha, parece que o poder inebria e as pessoas mudam quando o alcançam.
Feliz 25 de abril quand même!

Anonymous said...

Um cravo, é um cravo, é um cravo vermelho! Não passa disso! Os homens deveriam ter feito o resto!

myra said...

infelizmente voce tem razao, e aqui é a mesma coisa...!

Anonymous said...

Jorge,

sua amiga Margarida, apesar do nome concorrente, fez uma linda postagem sobre 25 de Abril, e os CRAVOS vermelhos! Esta no Ladinho do Varal com link para o blog dela !

angela said...

Foi uma revolução romantica e linda, depois vem a desilusão, mas sonhar é essencial e de qualquer modo quando penso naqueles tempos me lembro do medo e da contenção que tinhamos que nos submeter. Não só a mente lembra meu corpo também traz ainda os caminhos que a repressão inscreveu neles. Não quero viver isso nunca mais. Imagino que aí não foi diferente neste aspecto, quanto a corrrupção penso que tem mais a ver com a mentalidade que mudou e a única "riqueza" que é valorizada é a do dinheiro. Penso que antigamente era igualmente valorizado, a riqueza" do saber, da honestidade,da bondade e etc.
Desculpe-me o alongamento do comentário.
beijo

Jorge Pinheiro said...

Obrigado pelos vossos comentários. Angela, claro que se alongou e o q diz faz todo o sentido. As revoluções para derrubar ditaduras têm sempre um sentido romântico que perdura. Em especial esta, em que não houve derramamento de sangue. Digamos que o dia 25 foi óptimo. O pior foi o 26...

Al Kantara said...

O 25 foi óptimo. O pior foi o 24...

Anonymous said...

O problema é as pessoas serem românticas. As revoluções não se fazem com esse sentimento mole e próprio dos fracos. Assim como não faz sentido falar em que "antigamente é que havia valores e agora é tudo corruptos e só se pensa em dinheiro". Esta malta está é toda velha a precisar de reforma. Já agora, que grupo de pessoas é esse que se apropriou do regime? terá sido aquele que tem lutado no campo político enquanto os românticos bem pensantes apanham sol na praia?
Ortega

Jorge Pinheiro said...

Angela: quis dizer "claro que NÃO se alongou"...
Al Kantara: visto desta forma simplista, claro.
Ortega: os novos valores nada têm a ver com os antigos, nem com os actuais. Esaa dicotomia é rebarbativa. Os novos valores ainda não foram criados. O grupo que se apropriou é esse que aí está. Os outros, quando muito, deixaram.

Voar sem Hasas said...

Ola jORGE,

A DEMOCRACIA ENQUANTO REGIME É O MAIS FRACO...........

Por isso mesmo, ele só se instala quando as pessoas o sabem respeitar..... porque os valores da democracia devem ser os valores de todos os cidadãos.

Em Portugal ainda se governa esquecendo a Democracia.....

Não aprendemos muito em 36 anos de Democracia .....

Jorge Pinheiro said...

Bal: também era esse o sentido do meu post e aquilo que sinto.

Jorge Pinheiro said...

Já agora, e depois de um refrescante mergulho na piscina (o primeiro do ano) fiquei com vontade de acrescentar algumas ideias que parecem andar esquecidas nestes dias de comemorações.
Al: eu não contraponho o antigo e o novo regime. Há sempre essa aguerrida discussão que para mim nunca existiu. O antigo está nos compêndios de história e é bom lembrar que existiu, para não se repetir. Quanto ao novo, tu melhor que eu (tens um blogue que se chama Ponta y Mola e todos os dias dizes mal de alguém) sabes dos podres desta gente.
Ortega; QUEM É ESTA GENTE?! São aqueles que te invadem a televisão todos os dias, pelas piores razões. Aqueles que brincam com o dinheiro dos teus impostos. Aqueles que gozam com a tua cara. A democracia é representativa. Era expectável que quem estivesse no poder te representasse. Não representa! Mais, era expectável que os tribunais e outros mecanismos de "checks and balances" funcionassem. Não funcionam ou, pior, estão feitos uns com os outros. Quem é esta gente? São os que vão para a praia, mas é para paraísos fiscais e não para Stº Amaro de Oeiras. Ou és tão ingénuo que achas que Portugal estar na bancarrota se deve, exclusivamente, à maldade dos mercados e à conjuntura internacional?!

Helena Oneto said...

Querido Jorge,

Excelentes post e os comentários que fizeste. Tens razão em tudo o que dizes. Fazes uma análise muito lúcida do "descambar" da democracia. Concordo em absoluto contigo. Portugal esta cada dia pior que na vespera e não pode continuar assim. Esperemos que os nossos filhos saibam fazer melhor para salvaguarda da democracia. Não imaginas as saudades que tenho das manhas que cantavam dias melhores...
Um grande abraço.

Mena G said...

Cá em casa temos sempre um bolo com velas neste dia... Enfim! Nem tive tive culpa, nem o meu filho, de tal destino. Mas pari o moço à 1 da tarde e faz hoje 25!
Olha, viva a democracia com bolinhos...
:)

Jorge Pinheiro said...

Parabéns a dobrar Mena.

Anonymous said...

Não querendo eternizar polémicas, só queria esclarecer o seguinte: Posso ser ingénuo em muitas coisas mas no que respeita à expectante bancarrota nacional não tenho dúvidas que a sua origem está em termos vivido TODOS (sem excepção, directa ou indirectamente) acima dos nossos recursos nas últimas 2 décadas.
Ortega

Anonymous said...

... quanto aos "amanhãs que cantam". Deus nos livre!
Ortega

Jorge Pinheiro said...

Entendido Ortega.