24.6.12

CONVENTO DE SÃO JOÃO DE TAROUCA - INTERIOR

Um interior deslumbrante carregado de excelente arte sacra. Como não era permitido fotografar, fiz este rude "boneco" de uma famosa escultura de madeira da Virgem e do Menino. O resto fica na descrição, para quem tiver pachorra de ler. 

Instalado num vale atravessado pelo rio Varosa, o Convento de S. João de Tarouca, em Tarouca, é um dos expoentes máximos dos cenóbios cistercienses em Portugal, provavelmente o mais antigo desta ordem religiosa. Começou a ser erguido no século XII e ficou concluído em 1152. Denotando ainda sinais da primitiva construção, a frontaria da igreja é monumental, marcada por quatro sólidos contrafortes pinaculados, rasgada ao centro por um portal seiscentista com pilastras caneladas e verga direita com pináculos, sobre o qual se abre um nicho ladeado por aletas e abrigando a escultura de S. João Batista, encimado ainda com as armas portuguesas. Num dos panos laterais está um arco quebrado entaipado. Lateralmente, abrem-se duas janelas retangulares com frontões em voluta. Antes da empena triangular encimada por uma cruz latina, a fachada é ainda caracterizada por uma elegante rosácea. Uma torre sineira, construída no século XIX, está adossada a um dos flancos da fachada.O corpo da igreja é constituído por três naves - a central de maior altura e coberta por abóbada de berço quebrado e reforçada por arcos torais que arrancam de biseladas mísulas - e transepto saliente. As naves são compartimentadas por sólidos pilares rectangulares forrados por azulejos seiscentistas e sustentando uma série de arcos quebrados.
Nas naves podem admirar-se diversos retábulos de talha dourada e outras belas obras de arte. Assim, perto da entrada observa-se uma imagem de madeira policromada seiscentista de N. Sra. da Piedade e o políptico do século XVI executado por Gaspar Vaz, aludindo a episódios da vida da Virgem e de Cristo. Numa outra capela lateral está exposto o notável quadro de S. Pedro, uma das obras-primas da pintura de Quinhentos e que tem sido atribuída a Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco. Várias esculturas em pedra ou madeira ornamentam os diversos retábulos, destacando-se deste conjunto de imaginária sacra as esculturas medievais de S. Gabriel e da Virgem com o Menino.No transepto encontra-se um políptico do século XVII narrando a infância de Cristo. No lado oposto, pode admirar-se uma outra notável pintura quinhentista de Gaspar Vaz, S. Miguel. Aqui encontra-se o grandioso túmulo românico do infante D. Pedro, Conde de BarcelosPróximo está o magnífico cadeiral de madeira exótica, obra executada pelo portuense Luís Pereira da Costa e pelo barcelense Ambrósio Coelho entre 1729- 1730 e que é, sem dúvida, uma das obras maiores do barroco joanino. O espaldar de talha dourada apresenta uma galeria de figuras que pertenceram à Ordem de Cister. Mais acima, adossado à parede, está o exuberante órgão de tubos, obra barroca de Luís Pereira da Costa e que tinha uma curiosa particularidade funcional: quando era tocado, o órgão tinha uma figura que movia o braço para marcar o andamento, ao mesmo tempo que deitava a língua de fora. As paredes da capela-mor são forradas por revestimento azulejar do século XVIII (1718), mostrando episódios alusivos à fundação deste mosteiro cisterciense. O retábulo-mor é uma soberba composição de talha dourada do Barroco Nacional dos inícios de Setecentos.  Coberta por abóbadas de aresta com pinturas barrocas, a sacrista tem as suas paredes revestidas com diversos tipos de azulejos, mostrando ainda algumas pinturas, um arcaz de madeira e ainda um armário-relicário barroco.
(Fonte: Infopédia - Enciclopédia e Dicionário Porto Editora)


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11 comments:

daga said...

Fotos lindas e textos esclarecedores sobre esta Ordem de Cister e sua origem.
Obrigada, gosto sempre de aprender!
beijo

Anonymous said...

Excelentes textos!

Admiráveis e pormenorizadas descrições!

Agora é sobre Arquitectura Monástica, História de Arte, História!...

Excelentes fotografias!

Interior da Igreja que, "como não era permitido fotografar", foi como se se visse tudo...até o detalhe do órgão de tubos, a marcar o compasso, quando era tocado...

Desde Ucanha, exceptuando o C.R.,
são verdadeiras lições de História e História de Arte.

Obrigada!

Fatyly said...

Subscrevo as palavras dos dois comentadores e também o meu obrigado...porque desconhecia por completo!
Fotos excelentes!

Jorge Pinheiro said...

Anónimo: e o CR7 não é um monumento? :))

Li Ferreira Nhan said...

Assino embaixo dos 3 primeiros comentários; já fui ao google imagens para conhecer um pouco mais do convento.

Anonymous said...

Não acho.

Um monumento provoca admiração ou não, em todas as circunstâncias: haja Sol ou núvens negras.

Não faz tristes figuras, quando está mau tempo nem é arrogante e narcisista, pelo valor que tem e tem-no e oxalá continue a tê-lo, quando um Sol radioso irradia sobre
ele e todos nós!

Boa noite!

Jorge Pinheiro said...

AINDA BEM QUE ESTAMOS DE ACORDO.

Jorge Pinheiro said...

Li: vale muito a pena. Então se continuarem a reconstrução...

João Menéres said...

Eu tive mais sorte, Jorge.
Fotografei QUASE à vontade.
Já não me lembro se já publiquei no Grifo...

Jorge Pinheiro said...

Só tem sorte quem a merece.

João Menéres said...

É a magia das palavras, Jorge...