"Parece-me que tudo quanto existe é bom - a morte como a vida, o pecado como a santidade, a sensatez como a leviandade. Tudo é necessário, tudo necessita apenas da minha concordância, do meu consentimento, da minha terna compreensão; assim, tudo estará bem em mim e nada me poderá prejudicar. Aprendi através do corpo e da alma ser necessário que eu pecasse, que precisasse da luxúria, que tivesse de lutar para acumular bens e sentir náusea e desespero profundo, a fim de aprender a amar o mundo e a deixar de compará-lo com qualquer espécie de desejado mundo imaginário, com qualquer visão imaginária da perfeição. O essencial era deixá-lo como é, amá-lo e sentir-me feliz por lhe pertencer".
"Siddhartha", de Hermann Hesse.
9 comments:
Aqui está um dos tais livros que de algum modo mudaram a nossa visão do mundo. Pelo que vejo estás a relê-lo. É capaz de não ser má ideia, sou capaz de estar também a precisar.
Recomendo leitura de 5 em 5 anos. Há sempre coisas novas para tentar entender e faz-nos aprender a relativizar o que nos rodeia e, acima de tudo, nós próprios.
Pois é precimente este ponto do pensamento budista "parece-me que tudo quanto existe é bom" um dos que me repele e afasta. Admito que o meu pensamento esteja contaminado pela forma ocidental de ver o mundo, mas tenho dificuldade em admitir esta neutralidade e aceitação que são pretenso caminho para a santidade.
acho que tem a ver com a beleza da ambiguidade. por vezes algo que nos parecia mau só mais tarde sabemos que era bom, porque de algum modo era em verdade, e necessária e em unidade com o mundo. pode-se ser mau e belo.
mas isto sou eu q acordei num Domingo de manhã cm vontade de me meter numa conversa.:)
A meditação faz sempre bem!
A mim o que me repela mais é precisamente a "santidade", "Sua Santidade", etc. Concordo com Al Kantara que não se pode ser complacente com as injustiças, o que não quer dizer que não se procura uma certa serenidade até como atitude para o combate.
Não conheço o livro, mas fiquei com curiosidade.
A meditação faz sempre bem à alma.
Num livro como este ou no pensamento budista em geral podemos retirar apenas aquilo que nos "serve".
Não é minha pretensão atingir qualquer nível de santidade, seja lá o que isso for. Mas faz-me todo o sentido que nos sentimos melhor com a vida se aceitarmos certas "coisas" como elas são. E, por vezes, com uma certa perspectiva, há muitas "coisas" que fazem sentido.
é o bom da meditação, faz-nos olhar para dentro...
Exactamente.
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