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A característica especial de S. João é a muralha de moradias apalaçadas, com torreões, assentes nas arribas mesmo sobre o mar. Um biombo que oculta ao povoado o horizonte marítimo. É, felizmente, caso único na Linha de Cascais e remonta ao tempo da fundação do povoado.
Esta situação de total egoísmo urbanístico foi denunciado, por volta de 1889, pelo Almirante Nunes da Mata (um dos primeiros residentes da Parede) ao então Presidente da Câmara de Cascais, Jaime Artur Costa Pinto. Revoltado, o Almirante exigia medidas que preservassem a costa. Depois de muita insistência e já farto, o Presidente da Câmara disse-lhe enfastiado: "Que remédio, meu amigo, que remédio. Os terrenos têm os seus donos e os donos constroem o que querem"! Perante esta visão hiper-liberal, o Almirante Nunes da Mata terá decidido comprar todos os terrenos da Parede, assim salvando aquela povoação de um despautério semelhante.
Foi com esta esclarecida visão urbanística que S. João começou a ser preferido pelos construtores de moradias e luxo muito antes do Estoril e do Monte Estoril.
O povoado foi inaugurado oficialmente no dia de S. João de 1890 pelo referido Jaime Costa Pinto.
Texto baseado no livro "Memórias da Linha de Cascais", de Branca de Gonta Colaço e Maria Archer.
jp
2 comments:
Como é bom ter tempo disponível e saber o que fazer com ele...
O tempo é um bem raro. Porventura o mais raro de todos. Há que aproveitá-lo bem.
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