
Nesse tempo os "Soft Machine" (nome extraído de um romance de William Burroughs), o principal grupo da chamada "escola de Canterbury", interpretava um cool-psicadélico, jazzístico e experimentalista. Perturbava pela intelectualidade dos compassos ímpares. O órgão saturado de "fuzz" do Mike Ratlegde e a voz ausente do baterista Robert Wyatt, no irrepetível "Moon in June": "On a dilema between what I need and what I just want/Between your thigts I feel a sensation/How long can I resist the temptation?". A voz era tão trite e sumida, a orquestração tão abstracta, que nunca ninguém percebeu que eram apenas 19 minutos de puro romantismo!
Com os "King Crimson" aprendemos a intelectualização sinfónica da harmonia mitológica. Com os "Soft Machine", a diletância abstracta do compasso psicadélico.
NOTA: A música "Moon in June" consta do álbum "Third", de 1970, cujo exemplar em vinil me foi dramaticamente roubado e que considero o melhor álbum da banda. Esta foto é do "Fourth", um ábum de 1971, ainda mais experimental. É com agrado que vejo as novas gerações de músicos e de amantes da música repescarem esta extrordinária banda, bem como as mais recentes produções do ex-baterista Robert Wyatt: "Cuckooland", de 2003 e "Comicopera", de 2007".
jp
5 comments:
Pois, esta "diletância abstracta do compasso psicadélico" é que nunca me chegou a convencer...
Olha que a Bossa tb. é diletante e abstracta. Só falta o psicadélico.
Confesso que Soft Machine foi para mim ininteligível. Ouvi-os, pela primeira vez, num album em casa do meu primo Joni, fan de "Soft", mas não "entrou" bem. Nunca consegui percebê-los. Paciência.
Não é música fácil. É preciso estar no momento certo no local certo... e tem dias!
Well written article.
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