27.1.08

RISO INDUSTRIAL

Há uns anos éramos bombardeados por anedotas "cliché" entre garfadas de circunstância: "sabes aquela...". Tínhamos de simular um sorriso, enquanto suportávamos alarves gargalhadas dos restantes comensais.
Com os alvores da net, logo apareceram as incidiosas "piadolas em pirâmide", passadas e repassadas de reencaminhamento em reencaminhamento, até nos entupirem a caixa de correio, exigindo limpeza diária antes que se esgote a capacidade e a paciência.
Sempre achei fascinante saber como nascem estas piadolas. Quem no seu anonimato, se dá ao trabalho de inventar as histórias; de as trabalhar graficamente; de as divulgar. Quem será? Porque fazem isto? O que os move? Não cobram direitos de autor... Não recebem à peça...! São piores que "blogers". Nós ainda temos o "feed-back" dos visitantes ou dos comentários. Eles nada!
Agora, porém, a piada está por todo o lado. Nos anúncios, no You Tube, nas rádios, nas televisôes. Agora já não são piadolas esporádicas ou de salão. Piadas inventadas por um agente isolado. Agora a piada massificou-se. É obrigatória. Rimo-nos todos da mesma coisa. São piadas de autor, com produtor e receita infalível. Apareçeram as empresas da piadola. Surgiu a indústria do riso. Centenas de profissionais elaboram afanosa e diariamente aquilo com que os "palhaços ricos" nos vão intoxicar de riso. Tudo o que o patético Herman, os recém-institucionalizados Gatos ou o pseudo-irreverente Bruno Nogueira dizem, tem por trás uma máquina de planeamento, concepção e distribuição que nada deixa ao acaso... Nada, excepto a nossa espontâneidade! Pessoalmente, continuo a não me conseguir rir quando me dizem que esta é para rir!
jp

9 comments:

Al Kantara said...

Pois eu, caro, Expresso, há poucas coisas que me não façam rir. As que são para rir e as que não são para rir. Enfim, meu amigo, isto do humor tem as suas armadilhas, não nego, mas ter esse preconceito anti-piadola parece-me um bocadinho exagerado. Nem que seja só para contrariar aqueles senhores muito sérios que na nossa juventude nos garantiam ameaçadores que "muito riso, pouco siso !"

Al Kantara said...

Só agora reparei : Links no teu blog ? Viva o luxo !!!

António P. said...

Pois é Al Kantara,
o Expresso está a esmerar-se quer no humor ( ou falta dele ? ) quer na tecnoligia de pôr links.
Abraços

Anonymous said...

Só vim fazer uma visita. Picar o ponto.

Bjo

mjf said...

Olá!
Concordo contigo...gosto de rir ...expontâneamente, com coisas simples...com humor inteligente...sem " preciosismos" baratos...
Por ezes quando todos estão a rir...eu simplesmente fico perplexa!!!
Onde está a piada??? Foi tão rtápida que eu não apanhei?? ou nem existiu???

Beijos

Jorge Pinheiro said...

MJF: Ainda bem que alguém me compreende!
Al-Kantara: Conhecia o riso amarelo. Pelos vistos tb. há o cinzento?! Acho bem que se riam de qq coisa, agora só porque "dantes" não se podia, parece-me uma noção de liberdade um pouco anquilosada, mas...

Al Kantara said...

Caro Expresso, não é "só porque dantes não se podia". É simplesmente porque é mais divertido....

Jorge Pinheiro said...

OK, se tu achas, diverte-te.

ortega said...

O humor é uma forma como qualquer outra de comunicação, bastante espontânea e por vezes muito criativa. Quais são as formas de comunicação que hoje em dia não podem ser industrializadas e massificadas? Ou será que há pessoas que não tendo jeito para contar anedotas desprezam o humor?