Na Páscoa estava um frio de rachar. Na semana anterior dava para ir à praia. O Sol voltou logo a seguir às festividades. As miúdas já andavam quase nuas. A praia voltou a encher. Anteontem, porém, entrou uma superfície frontal. Trovoadas. Ondas de 8 metros na Madeira. Tornados em Santarém... O tempo anda um bocadinho péssimo. Há quem diga que é do aquecimento global, que a culpa é do homem e que temos de ter cuidado até com o churrasco! Será?
A verdade é que a Terra está ainda a atravessar uma idade de gelo (atenuada) que começou há cerca de 40 milhões de anos.
Sabe-se agora que a entrada e saída de idades de gelo não tem sido gradual. A alternância de períodos de frio brutal e de calor intenso tem sido, na maior parte das vezes, súbita e muito mais frequente do que julgamos. Por exemplo, há 12 mil anos a Terra começou a aquecer muito rapidamente, mas de repente, voltou a mergulhar num frio tremendo que demorou 1000 anos. Depois, sem qualquer razão aparente, voltou a aquecer, chegando a subir 4 graus em 20 anos. Na Gronelândia chegaram mesmo a subir 15 graus em 10 anos! Num planeta com pouca população, as consequências terão sido poucas (mesmo assim, ficou o mito da destruição da Atlântida que remonta a este período de aumento do volume dos mares). Imagine-se o que aconteceria hoje!!!
O chato, é que não fazemos a menor ideia das razões destas súbitas mudanças de temperatura, embora haja muitas teorias. As mais credíveis apontam para um ciclo vicioso que começa pelo fluxo de água do degelo que, em quantidades anormais, reduz a salinidade (e, portanto, a densidade) dos oceanos no norte do planeta, provocando a inflexão para sul da corrente do Golfo. Privados do calor da corrente do Golfo, as latitudes norte voltariam a apresentar condições para o clima frio (ciclo vicioso). Mas, não fica explicado porque é que a corrente do Golfo não voltou à posição anterior há cerca de 10 000 anos e, em vez disso, fomos presenteados com este agradável período de tréguas climáticas, a que chamamos de Holoceno.
Infelizmente, não há razão para supor que esta estabilidade vá durar muito mais tempo. Alguns especialistas apontam para um novo e rigoroso período de gelo. A ser assim, o aquecimento global poderia servir de contrapeso às condições glaciares. A verdade é que não sabemos e afigura-se mais que duvidoso fazer experiências neste domínio.
O clima depende de tantas variáveis que torna quase impossível compreender o passado e prever o futuro. As calotes glaciares começaram a formar-se de novo e agora tem muito mais água para se alimentar (no período anterior não havia os Grandes Lagos, por exemplo). Será que tudo vai gelar? Por outro lado, pode acontecer que esse gelo derreta e então os mares erguer-se-iam 60 metros e todas as cidades costeiras desapareceriam.
O mais extraordinário é que não sabemos o que se irá passar: aquecimento ou arrefecimento? Vivemos no fio da navalha!
jp
1 comment:
É por isso que não vou viver para a Figueira-da-Foz.
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