Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa “Organização” que tenta, desesperadamente, criar o “Quinto Império”, a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito.
Publicação simultânea, em episódios, no Brasil (“Varal de Ideias”) e em Portugal (“Expresso da Linha”), todas as terças e sextas feiras.
Publicação simultânea, em episódios, no Brasil (“Varal de Ideias”) e em Portugal (“Expresso da Linha”), todas as terças e sextas feiras.
EPISÓDIO IV (continuação)
Àquela hora, naquela chuva, decidiu-se pelo restaurante do “Teatro Taborda”, ali a cinquenta metros. Novamente desce os 38 degraus, agora com aquela mulher exótica, com quem quase não falara e, no entanto, a quem tudo dissera… Os papagaios agitam-se, definitivamente curiosos.
Cá em baixo, enfrentam a tempestade, enquanto se ouvem barcos uivando desesperadamente no Tejo que se adivinhava lá ao fundo, mas parecia estar em todo lado.
Viraram à direita, rumo ao “Teatro Taborda”. Ao nível da rua, apenas a sala de entrada. Depois, o edifício branco e estreito desliza suavemente pela encosta.
No andar mais abaixo, o restaurante. Meia dúzia de mesas à luz de velas, romanticamente esperando comensais ensopados. Para norte, vista poderosa sobre o Convento da Graça. Para sul, vista descendente até ao rio. Lisboa inteira estava ali… e ela também.
Lá fora, a chuva cai, cai sempre. O caril era do Paquistão… O vinho de Óbidos… A empregada brasileira… Os proprietários alemães… As palavras de circunstância!
Ao fundo, uma porta dá para uma rampa exterior que conduz a um descampado, uma espécie de “vereda tropical” que, por entre silvas e canas da Índia, vai descendo até ao Teatro Romano e daí até à Sé. Esgotos em queda livre e drogados injectando-se a céu aberto, completam a paisagem.
A conversa mantinha-se fraca. Arnaldo não sabia o que dizer. Sempre fora tímido com mulheres. Apetecia-lhe mexer… apalpar. O caril excitava os sentidos. De repente, ela dá-lhe a mão e aperta com força. O jantar acaba logo ali!
Ele deixa algumas notas em cima da mesa, suficientes para pagar três jantares e precipitam-se para a saída.
Segundos depois sobem os 38 degraus de um só fôlego. Os papagaios mal têm tempo de exercitar a curiosidade.
Irrompem pelo quarto já semi-nus e assaltam a cama com violência. As bocas penetram-se fundo, até o beijo se transformar em atentado ao pudor… Os corpos enrolam-se até o suor ser um só… As paredes não contêm tantos gritos de prazer. Ao fim de duas intensas horas, Arnaldo adormece exausto, agarrado a um corpo de quem não sabe o nome.
Dorme de um só sono. Acorda às 8 horas com ligeiro catarro e, como era de prever, ela não estava lá!
A porta envidraçada que dá para o jardim está entreaberta. Os papagaios gritam desvairados. A mulher da janela em frente faz-lhe sinal para fuga imediata.
Arnaldo Rocha percebe que cometera demasiados erros. Está a ficar velho… quiçá senil.
Toma banho frio para revigorar e, pela primeira vez, espirra. Veste-se às três pancadas e precipita-se para a recepção. Conferencia baixo com o velhote, que vai assentindo com a cabeça. Paga a conta e deixa-lhe uma pauta de cem no aperto de mão final.
Desce novamente os 38 degraus. Os papagaios olham-no, agora críticos.
Cá em baixo vira à esquerda, em direcção ao Castelo. A chuva tinha parado momentaneamente. O sol vinga-se brilhando esfuziante por entre nuvens negras entumescidas pela tempestade que teima em se aproximar. O branco das paredes corroi-lhe as pupilas crispadas de cansaço.
Arnaldo foi andando, desconfiado de tudo e de todos. À entrada do Largo dos Loios, virou à esquerda por uma rua íngreme. Entrou no Castelo. Decidira misturar-se com a multidão de turistas até à hora do almoço… até ao encontro com Mestre V.
Cá em baixo, enfrentam a tempestade, enquanto se ouvem barcos uivando desesperadamente no Tejo que se adivinhava lá ao fundo, mas parecia estar em todo lado.
Viraram à direita, rumo ao “Teatro Taborda”. Ao nível da rua, apenas a sala de entrada. Depois, o edifício branco e estreito desliza suavemente pela encosta.
No andar mais abaixo, o restaurante. Meia dúzia de mesas à luz de velas, romanticamente esperando comensais ensopados. Para norte, vista poderosa sobre o Convento da Graça. Para sul, vista descendente até ao rio. Lisboa inteira estava ali… e ela também.
Lá fora, a chuva cai, cai sempre. O caril era do Paquistão… O vinho de Óbidos… A empregada brasileira… Os proprietários alemães… As palavras de circunstância!
Ao fundo, uma porta dá para uma rampa exterior que conduz a um descampado, uma espécie de “vereda tropical” que, por entre silvas e canas da Índia, vai descendo até ao Teatro Romano e daí até à Sé. Esgotos em queda livre e drogados injectando-se a céu aberto, completam a paisagem.
A conversa mantinha-se fraca. Arnaldo não sabia o que dizer. Sempre fora tímido com mulheres. Apetecia-lhe mexer… apalpar. O caril excitava os sentidos. De repente, ela dá-lhe a mão e aperta com força. O jantar acaba logo ali!
Ele deixa algumas notas em cima da mesa, suficientes para pagar três jantares e precipitam-se para a saída.
Segundos depois sobem os 38 degraus de um só fôlego. Os papagaios mal têm tempo de exercitar a curiosidade.
Irrompem pelo quarto já semi-nus e assaltam a cama com violência. As bocas penetram-se fundo, até o beijo se transformar em atentado ao pudor… Os corpos enrolam-se até o suor ser um só… As paredes não contêm tantos gritos de prazer. Ao fim de duas intensas horas, Arnaldo adormece exausto, agarrado a um corpo de quem não sabe o nome.
Dorme de um só sono. Acorda às 8 horas com ligeiro catarro e, como era de prever, ela não estava lá!
A porta envidraçada que dá para o jardim está entreaberta. Os papagaios gritam desvairados. A mulher da janela em frente faz-lhe sinal para fuga imediata.
Arnaldo Rocha percebe que cometera demasiados erros. Está a ficar velho… quiçá senil.
Toma banho frio para revigorar e, pela primeira vez, espirra. Veste-se às três pancadas e precipita-se para a recepção. Conferencia baixo com o velhote, que vai assentindo com a cabeça. Paga a conta e deixa-lhe uma pauta de cem no aperto de mão final.
Desce novamente os 38 degraus. Os papagaios olham-no, agora críticos.
Cá em baixo vira à esquerda, em direcção ao Castelo. A chuva tinha parado momentaneamente. O sol vinga-se brilhando esfuziante por entre nuvens negras entumescidas pela tempestade que teima em se aproximar. O branco das paredes corroi-lhe as pupilas crispadas de cansaço.
Arnaldo foi andando, desconfiado de tudo e de todos. À entrada do Largo dos Loios, virou à esquerda por uma rua íngreme. Entrou no Castelo. Decidira misturar-se com a multidão de turistas até à hora do almoço… até ao encontro com Mestre V.
(continua na terça feira)
jp
2 comments:
Quente, quente esta capítulo...estou curiosa para saber o que esta aventura vai acarretar.
Um abraço.
As mulheres são terríveis! Eu gosto...
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