27.10.08

JET LEG - OLINDA

O Marcelo pegou em nós e nos levou numa volta completa de táxi a 90 reais. Hotel. Olinda. Recife velho. Moço novo. Mulato na sua barriguinha aconchegada de chopp bem escorrido. Percebia espantosamente bem o nosso português, coisa rara nestas paragens. Sabia bem a história local e não só. Conhecia Portugal pela net. Moço viajado!
Olinda é Portugal. Vinte seis igrejas e uma sinagoga. Platibandas tipo algarvio de origem fenícia nas fachadas das casas de cor berrante.. Vive da cultura, do turismo e do Carnaval. Fica a ideia de que esta gente cada vez começa o Carnaval mais cedo e acaba mais tarde. A indústria carnavalesca impõe o divertimento obrigatório durante vários meses. Sempre é melhor que o negócio das armas.
Antes do Carnaval o negócio era a religião. As igrejas eram taxadas pelo número de torres sineiras. E, como se sabe, a importância das igrejas vale pelo número de torres. Uma tentativa de chegar mais depressa ao céu que pode custar caro cá na terra. A fuga ao imposto não era pecado mortal, como se pode ver pela torre Stº Amparo (1644) com duas torres, uma delas cortadas por altura da isenção fiscal. Só pagava metade do imposto. Monges sabidos!
Na sacristia da Sé vemos os paramentos de D. Hélder da Câmara e o báculo que lhe foi oferecido por João Paulo II. Um báculo duplo, com dois Cristos, que só pode ser usado na entronização papal. A pia baptismal assenta no símbolo maçónico que viria a dar origem à bandeira da União. Símbolos maçónicos é que mais há no Brasil, país maçon que Pedro I criou como sua loja regular.
Não vale a pena cansarem-se ladeira acima, ladeira abaixo. Olinda é Portugal suado no sovaco molhado do calor tropical. Não percam tempo. Vão directos à “Oficina do Sabor” e despenhem-se de cabeça num “jerimum recheado no lagostim com creme de manga”, seguido de “baba-de-moça com quero-mais-neguinho”. Fotografem a vista 15 vezes seguidas e considerem-se isentos do “Quinto dos Infernos” durante o próximo ano fiscal.
jp

2 comments:

Silvares said...

àgua na boca, no sovaco e, talvez, até nos olhos...

Jorge Pinheiro said...

E quando chove nem é bom falar...