AS CRUZADAS
As “verdadeiras cruzadas”, são movimentos peregrinatórios com o fim último e simbólico de conquistar Jerusalém e abrir os caminhos da Palestina aos cristãos. Aliás, os cruzados são também conhecidos por “jerusalemitanos”, no sentido de “viajantes para Jerusalém”.
As Cruzadas são, ao mesmo tempo, fruto do melhor e do pior: um verdadeiro impulso espiritual – retorno às fontes da fé, aventura evangélica em que cada um se arrisca inteiramente – mas, simultaneamente, uma violência que, dentro da Igreja, quase ninguém aparece a denunciar.
Uma das Cruzadas (a quarta), será até desviada do seu objectivo para a tomada de Constantinopla, aniquilando os esforços que vinham sendo conduzidos para uma reconciliação com o Oriente.
Por outro lado, as Cruzadas retratam as contradições da época (séc. XI a XIII), a luta entre o papa e os reis, entre o poder espiritual e o temporal, levando a que a Igreja se identifique cada vez mais como uma potência, em oposição ao anterior modelo Carolíngio, em que os papas eram “dominados” pelo Imperador.
Embora se fale em oito Cruzadas, a verdade é que o que houve foi uma sucessão quase ininterrupta de invasões/peregrinações.
De qualquer forma, e numa breve síntese, vamos assumir o número históricamente consagrado e que corresponde a impulsos concretos de dinamização dessas peregrinações guerreiras.
Logo na Primavera de 1096, há uma “não-cruzada”. Numa antecipação à data oficial fixada por Urbano II, o fervor do povo, excitado pelas pregações de Pedro “o Eremita”, levou multidões desorganizadas até às portas de Constantinopla. O basileus Alexis Comneno tinha anunciado grandes exércitos ocidentais: os Bizantinos desatam a rir, fecham as portas e a população é despachada para o outro lado do Bósforo, onde é dizimada pelos turcos ou feita escrava. Assim acaba a cruzada popular. Pedro o Eremita tinha ficado em Constantinopla…mais tarde acabaria por desertar de Antioquia, já no contexto da Primeira Cruzada.
A primeira cruzada, propriamente dita, organiza-se em quatro exércitos que se reúnem em Constantinopla em 1096. Dois exércitos seguiam por mar, comandados, um, por Hugo de Vermandois, envolvendo cruzados da Ile-de-France, Normandia, Inglaterra e até da Dinamarca e Suécia; o outro, por Godofredo de Bolhão, integrando alemães, flamengos e franceses do Leste.
Por terra, seguiam os franceses do Sul, comandados por Raimundo de Saint-Gilles, conde de Toulouse, e finalmente, os italianos e normandos da Itália, conduzidos por Bohémond (alcunha, dada pelo seu tamanho gigantesco; o nome era Marcos).
Após alguma perturbação criada em Constantinopla, o basileus consegue, finalmente, desembaraçar-se dos cruzados, que entram em território inimigo. Em 1097, Niceia é tomada e, em 1098, caem Edessa e Antioquia. O conquistador de Edessa, Balduíno (irmão de Godofredo), é o primeiro barão franco a ser elevado a um trono do Oriente. Antioquia fica para Bohémond, logo em Janeiro de 1099.
Segue-se a marcha até Jerusalém, que entretanto, caíra nas mãos dos “aliados” dos cruzados, os Fatímidas do Egipto… Mas os Franj não tinham percorrido mais de três mil quilómetros para se deterem perante este pormenor! Ignoram o anterior acordo e atacam a cidade.
A 15 de Julho de 1099 (uma sexta-feira), Jerusalém é conquistada, seguindo-se massacres e pilhagens: “nas ruas viam-se montões de cabeças, de mãos e de pés” e, no entanto, “parecia-lhes que estavam à porta do Céu”!
Mas, enquanto a porta do céu não se abria, era preciso organizar o reino terrestre de Jerusalém. Dois candidatos: Saint-Gilles e Godofredo de Bolhão. A escolha recaíu neste último, que encarnava o tipo acabado, e tão raro, do puro cavaleiro. Godofredo, porém, recusou o título de rei e só aceitou o de defensor do Santo Sepulcro.
As “verdadeiras cruzadas”, são movimentos peregrinatórios com o fim último e simbólico de conquistar Jerusalém e abrir os caminhos da Palestina aos cristãos. Aliás, os cruzados são também conhecidos por “jerusalemitanos”, no sentido de “viajantes para Jerusalém”.
As Cruzadas são, ao mesmo tempo, fruto do melhor e do pior: um verdadeiro impulso espiritual – retorno às fontes da fé, aventura evangélica em que cada um se arrisca inteiramente – mas, simultaneamente, uma violência que, dentro da Igreja, quase ninguém aparece a denunciar.
Uma das Cruzadas (a quarta), será até desviada do seu objectivo para a tomada de Constantinopla, aniquilando os esforços que vinham sendo conduzidos para uma reconciliação com o Oriente.
Por outro lado, as Cruzadas retratam as contradições da época (séc. XI a XIII), a luta entre o papa e os reis, entre o poder espiritual e o temporal, levando a que a Igreja se identifique cada vez mais como uma potência, em oposição ao anterior modelo Carolíngio, em que os papas eram “dominados” pelo Imperador.
Embora se fale em oito Cruzadas, a verdade é que o que houve foi uma sucessão quase ininterrupta de invasões/peregrinações.
De qualquer forma, e numa breve síntese, vamos assumir o número históricamente consagrado e que corresponde a impulsos concretos de dinamização dessas peregrinações guerreiras.
Logo na Primavera de 1096, há uma “não-cruzada”. Numa antecipação à data oficial fixada por Urbano II, o fervor do povo, excitado pelas pregações de Pedro “o Eremita”, levou multidões desorganizadas até às portas de Constantinopla. O basileus Alexis Comneno tinha anunciado grandes exércitos ocidentais: os Bizantinos desatam a rir, fecham as portas e a população é despachada para o outro lado do Bósforo, onde é dizimada pelos turcos ou feita escrava. Assim acaba a cruzada popular. Pedro o Eremita tinha ficado em Constantinopla…mais tarde acabaria por desertar de Antioquia, já no contexto da Primeira Cruzada.
A primeira cruzada, propriamente dita, organiza-se em quatro exércitos que se reúnem em Constantinopla em 1096. Dois exércitos seguiam por mar, comandados, um, por Hugo de Vermandois, envolvendo cruzados da Ile-de-France, Normandia, Inglaterra e até da Dinamarca e Suécia; o outro, por Godofredo de Bolhão, integrando alemães, flamengos e franceses do Leste.
Por terra, seguiam os franceses do Sul, comandados por Raimundo de Saint-Gilles, conde de Toulouse, e finalmente, os italianos e normandos da Itália, conduzidos por Bohémond (alcunha, dada pelo seu tamanho gigantesco; o nome era Marcos).
Após alguma perturbação criada em Constantinopla, o basileus consegue, finalmente, desembaraçar-se dos cruzados, que entram em território inimigo. Em 1097, Niceia é tomada e, em 1098, caem Edessa e Antioquia. O conquistador de Edessa, Balduíno (irmão de Godofredo), é o primeiro barão franco a ser elevado a um trono do Oriente. Antioquia fica para Bohémond, logo em Janeiro de 1099.
Segue-se a marcha até Jerusalém, que entretanto, caíra nas mãos dos “aliados” dos cruzados, os Fatímidas do Egipto… Mas os Franj não tinham percorrido mais de três mil quilómetros para se deterem perante este pormenor! Ignoram o anterior acordo e atacam a cidade.
A 15 de Julho de 1099 (uma sexta-feira), Jerusalém é conquistada, seguindo-se massacres e pilhagens: “nas ruas viam-se montões de cabeças, de mãos e de pés” e, no entanto, “parecia-lhes que estavam à porta do Céu”!
Mas, enquanto a porta do céu não se abria, era preciso organizar o reino terrestre de Jerusalém. Dois candidatos: Saint-Gilles e Godofredo de Bolhão. A escolha recaíu neste último, que encarnava o tipo acabado, e tão raro, do puro cavaleiro. Godofredo, porém, recusou o título de rei e só aceitou o de defensor do Santo Sepulcro.
jp
1 comment:
Aqui na cidade onde moro tem uma rua chamada "Godofredo de Bulhões", não sei desde quando ela tem este nome...
Interessante teu post, anteontem vi um documentario sobre os Templários que falava das Cruzadas e da procura pelo reino do "Padre João", que nunca foi encontrado.
Incrível o desconhecimento sobre o oriente que havia na Idade Média.
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