16.2.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - UM POUCO DE HISTÓRIA

AS CRUZADAS (continuação)
Godofredo morre no ano seguinte (1100), com 33 anos, vítima de epidemia (segundo uns), ou trespassado por uma flecha quando assediava a cidade de Acre (segundo outros).
Entretanto, Bohémond fora aprisionado pelas Turcos de Danishmend, o “Sábio”, e levado para Niksar, no norte da Anatólia.
Balduíno, que não participara na tomada de Jerusalém, para se outorgar a si próprio o título de “Conde de Edessa”, corre à cidade santa, disposto a colocar na cabeça a coroa de David, que Godofredo recusara, o que veio a acontecer no dia de Natal de 1100, tomando o nome de Balduíno I.
Godofredo tinha maravilhado os Árabes pela sua humildade; Balduíno subjugava-os pelo seu fausto de tipo oriental.
Em dez anos de fabulosos combates, Balduíno submeteu toda a Palestina e conquistou ao Egipto todos os portos do seu litoral, com excepção de Tiro e Ascalon.

Para conservar tantas conquistas, era agora urgente povoá-las de Francos.
Desde 1101 que uma multidão de cento e cinquenta mil peregrinos aguardava a passagem para a Ásia. Saint-Gilles põe-se à frente deles para os levar à Terra Santa. Mas eis que a população se entusiasma com a libertação de Bohémond, que continuava retido no Cáucaso, sem que Saint-Gilles os consiga dissuadir. São dizimados em Merzifun. Mais de cinquenta mil são mortos. Saint-Gilles foge.

Entretanto, Bohémond é libertado, mediante resgate e sem qualquer contrapartida política. Regressado a Antioquia, faz pagar o seu resgate pelos habitantes da cidade e, de imediato, empreende nova tentativa expansionista, aliado ao “condado” de Edessa, contra a praça forte de Harran, que domina toda a planície que se estende à beira do Eufrates e controla as comunicações entre o Iraque e a Síria do Norte. Estamos em 1104 e os cruzados são totalmente dizimados.
Esta primeira grande vitória muçulmana trava o avanço Franco para leste: a Síria do Norte nunca viria a ser povoada por Francos.
Acresce que a derrota desmoraliza os cruzados: Bohémond parte para a Europa alguns meses mais tarde e nunca mais ninguém o verá em terras árabes.

Em termos políticos, logo após as primeiras conquistas, Balduíno I soube organizar o seu reino em feudos rigorosamente submetidos. Garantiu a liberdade de culto a todas as seitas cristãs. Procurou a miscigenação com as populações sírias, arménias ou mesmo sarracenas (desde que baptizadas). Tentou transformar os invasores em “habitantes do Oriente”, esquecendo os seus lugares de origem. O colono torna-se indígena; o imigrado assimila-se ao habitante. Balduíno I, rei de Jerusalém, morre de doença, em 1117.

Sucede-lhe seu primo Balduíno de Bourg, conde de Edessa, Balduíno II.
Para além de consolidar o reino e de ter conquistado Tiro, foi no reinado de Balduíno II (1118-1131), que foi criada a Ordem dos Templários , aquartelada no Templo de Salomão, com a missão externa (ou visível) de fornecer ao reino um exército permanente. Nesta vertente guerreira, São Bernardo, “padrinho oficial” da Ordem, resumia assim a sua missão: “O cristão que mata um infiel na Terra Santa está certo da sua recompensa. E ainda está mais certo disso se é ele próprio morto." (passagem digna de Maomé e, claramente, assumida pela seita dos “Assassine”).
jp

3 comments:

Sempre querendo saber said...

Obrigada pela comentário lá no meu cantinho e parabéns pela iniciativa da blogagem coletiva,muito legal pra conhecermos outros blogs,outras pessoas,outras formas de pensar!
Boa semana p vc

Maria Augusta said...

"Ser recompensado por matar um infiel", o mesmo lema dos dois lados...quem é o mocinho e quem é o bandido?
Incrível como a ganância encontra desculpas para conquistar o poder e a religião ê um pretexto que funciona até hoje...
Aguardo a continuação, estou curiosa para saber porque os Templários foram enviados à fogueira por Filipe, o Belo.
Abraços.

Jorge Pinheiro said...

Maria Augusta: ainda falta muito, mas vai saber!