NO DOURO CASAR É DIFÍCIL

Aqui pelo norte é difícil casar. Por todo o lado há orações, superstições, penitências, promessas... tudo, mas mesmo tudo, para conseguirem casar.

Em Amarante, São Gonçalo é venerado por ser um casamenteiro de velhas. Talvez por isso seja santo. Garantir casamento de novas não parece difícil. De velhas, é um verdadeiro milagre. Nas pastelarias podemos degustar o famoso doce de S. Gonçalo, um doce fálico com "coiso" e testículos em tamanhos variados. Uma massa-de-pão pincelada com açúcar em ponto de pérola, pronto a ser chupado ou mordido. Um treino eficaz, segundo me garantiram. S. Gonçalo também cura verrugas. Como esta gente é muito metafórica, suspeito que a cura da verruga pode ser essencial à reprodução. Em Aveiro também há umas cenas com São Gonçalinho e mesmo em Niteroi, no distante Brasil, aparece de novo o santo a patrocinar casamentos auspiciosos.

Mas há mais. Subimos a São Salvador do Mundo. Um cabeço com vista alucinante, despenhado sobre o Cachão da Valeira, um rápido onde a D. Antónia Ferreirinha, a mãe de todos os vinhos, mais o amante, Barão de Forrester, tiveram um tremendo naufrágio, fatal para o barão. Pela subida íngreme vemos laços feitos nas giestas por inocentes mãos femininas. São promessas para casar. Mais uma vez nada é natural. Não basta um homem e uma mulher conhecerem-se e pumba... Não! É preciso a intervenção de forças ocultas. Forças essas que também estão presentes na "Cadeira do Diabo" (na foto), onde um homem se deve sentar para apanhar com as forças ocultas nos tomates e, devidamente massajado, ficar com pujança telúrica.

Enfim, numa época em que já só os "gay" querem casar, causa pasmo este apego aos sacramentos. Ou será que o material é deficiente?

jp