3.3.09

S. PEDRO DAS ÁGUIAS I

Descida abrupta. Estrada sinuosa. O Presidente da Junta espera por nós. Lá em baixo o xisto rebenta na força do calor que chega aos 50º no Verão. A igreja-mosteiro surge ao fundo com o pórtico estranhamente virado para o penhasco granítico que cai a pique sobre a ermida. Escassas dezenas de centímetros separam a igreja dos afloramentos rochosos, tornando difícil o acesso ao pórtico (ver foto nº1 infra).
Antes de igreja, o local já abrigava uma pequena comunidade de eremitas que se protegiam em covas abertas nos rochedos e ainda hoje visíveis. O templo é do séc. XII. Traça românica beneditina. A localização adapta-se à estratégia da Ordem, pois, como todos sabem: S. Bento amava os montes; S. Bernardo (Cister) os vales: São Francisco as aldeias; Santo Inácio de Loyola (Jesuítas) as cidades. No final do séc. XII a igreja passa para a ordem de Cister, no contexto de uma reforma religiosa e algum tempo depois a comunidade transfere-se para outro local, 2km mais a sul, onde constrói novo mosteiro (hoje propriedade privada de um grupo francês que nada tem de monástico).
A velha igreja resistiu e aí está evocando os tempos remotos da formação da nacionalidade e das convulsões religiosas da Idade Média.
Para além da igreja outras construções complementariam o mosteiro, construções hoje desaparecidas. Pode ver-se uma porta lateral de acesso e os orifícios no interior da igreja através dos quais os monges recebiam ajuda do exterior durante os períodos de isolamento e penitência (ver foto nº 4 infra). Nas arquivoltas e capiteis dos pórticos frontal e laterais vejam-se as figuras humanas e animais (ver foto nº 3). Esculpido no tímpano da entrada lateral norte, contemple-se o “Agnus Dei” onde uma inscrição evoca que o “Senhor dos exércitos proteja a entrada e saída deste templo” (foto 2). Um interior despojado e mágico, como uma gruta iniciática, para onde se desce por simbólicos oito degraus, com a figura de S. Pedro das Águias e um Cristo pungente sobre um altar de pedra (fotos nº 5 e 6). Um património único que importa conhecer e preservar.
jp

No comments: