7.5.09

D. MANUEL I - RUMO AO ESTRELATO

Manuel era de facto venturoso. Primo do rei, lá foi ele buscar carinhosamente a pequenita Isabel para a levar com mil cuidados ao príncipe consorte. Mas mais sorte teve ele. O bocado estava guardado!
Entretanto, Afonso, o príncipe herdeiro, sempre impaciente, quebra o protocolo e decide que há-de ver a noiva. Corre a Estremoz, onde ela descansava, seguido do estremoso pai, o nosso bom João II, que tudo tinha de supervisionar no seu afã centralizador. Os princípes contemplam-se embevecidos. Já não são os petizes que em tempos se conheceram em Moura. Ele, ainda que imberbe, muito agrada a Isabel, na sua tez rosada e cabelos loiros de ascendência britânica. Ajoelham e logo ali se abraçam. Da procuração à paixão. Um caso de sucesso diplomático!
E lá foram todos em cortejo até Évora, onde os esponsais teriam lugar. A entrada solene na cidade foi a 27 de Novembro. A princesa entrou na cidade sob arcos de triunfo, rodeada de fidalgos de capas de cerimónia e colares de ouro ao pescoço, enquanto se representava o Paraíso, com anjos e arcanjos a cantar. O jovem Manuel, sempre discreto, e o bastardo do rei, gentilmente tratado por "senhor D. Jorge", seguravam as rédeas do cavalo da princesa, enfeitado com o colar da Ordem da Jarreteira que o rei, sabe-se lá porquê, mandara lá colocar. Os noivos apearam-se na Sé de Évora para beijar a Vera Cruz que, mais uma vez, todos garantiam ser a autêntica. Antes da ceia houve dança para "as pessoas reais" e cortesãos. A festa continuou pela noite fora, com o povo enfusiante de alegria, dançando pelas ruas, já esquecido dos 200 mil cruzados de contribuição que fora obrigado a confiar aos tesoureiros do rei para fazer a festa... (continua).
A fotografia foi por mim tirada, num momento de rara fortuna em que, acidentalmente, por ali passava.
jp

3 comments:

João Menéres said...

Não é o pinóquio?

EXPRESSODALINHA said...

Qual deles?

Li Ferreira Nhan said...

tinha certeza que você foi testemunha ocular da história!
CONTINUA...