3.5.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - BREVE ENQUADRAMENTO DA ORDEM

OS TEMPLÁRIOS E A DEMANDA DO GRAAL
“Procurar o Graal que não no coração é recusar colocar a questão essencial” (Jean-Michel Varenne).

O Graal é um dos elementos que aproximam os Cátaros dos Templários. Alguns mitos afirmam que a taça do Graal esteve, pelo menos durante algum tempo, sob a guarda de puros cátaros (possivelmente em Monteségur, a fortaleza solar).
No seu Parzifal, escrito cerca de 1200, o trovador Wolfram von Escheubach faz dos Templários os guardiões do Graal (recomenda-se a leitura, em paralelo com o ciclo da Távola Redonda, de Christien de Troyes).
O certo é que, em 1247, três anos após a queda de Monteségur, na “cruzada” contra os Cátaros, o então Grão-Mestre, Guillaume de Sonac, fez chegar uma encomenda misteriosa a Henrique III, rei de Inglaterra. Tratava-se de um vaso, sobre o qual nada mais sabemos…

A lenda do Graal, faz renascer uma visão cristianizada dos velhos mitos celtas e druídicos[1].
Na lenda de Artur e do Graal, encontramos dois mitemas complementares:
- A busca da iniciação como percurso individual (demanda do Graal).
- A restauração da idade de ouro. Um reino onde volta a existir a harmonia entre os homens e a comunicação com o divino (o regresso de Artur).

Os Templários canalizaram harmoniosamente os dois. Cada cavaleiro fazia o seu próprio percurso individual auxiliado pelo seu mestre e, simultaneamente, colaborava na grande obra colectiva da Ordem. Cada Templário devia “cosmisar” a sua personalidade, de forma a tornar-se um templo[2] consagrado ao seu Eu-Superior (Ser); colectivamente, a instituição templária era um grande templo na terra, imagem do seu arquétipo celeste, veículo do Ideal Divino.
Neste sentido, o Grão-Mestre encarnava o arquétipo do rei-sacerdote, com o poder político e espiritual da Ordem; o pontifex, entre o visível e o invisível[3].
A influência arturiana foi muito forte em Portugal: Nuno Álvares Pereira (agora canonizadado) queria ser Galaad, o cavaleiro puro, santo e casto, que terá a visão do Graal.
[1] O caldeirão celta (“dagda”), bem conhecido dos livros de Asterix, constitui o simbolismo do Graal. A herança é também bem visível no simbolismo das folhas de carvalho. O carvalho era a "catedral" dos Druídas.
[2] Templum (latim), significa “delimitação”: para lá da delimitação – muro – parede – reina o caos; dentro, há um espaço consagrado, onde reina o Kosmos (etimologicamente, quer dizer Ordem).
[3] Este modelo está patente nas escrituras através do Melkitesedek (“o rei é justo”), rei-sacerdote do Deus Altíssimo, um arquétipo que aparece em S. Paulo e é capaz de “curto-circuitar" toda a história do antigo testamento. Aparece também no mito do Prestes João das Índias.
jp

1 comment:

Maria Augusta said...

Tudo começa a se cruzar em torno do Graal, a lenda do rei Artur, os cátaros, os Templários...é das convergências que deve sair a verdade, eu acho.