6.5.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - BREVE ENQUADRAMENTO DA ORDEM

OS TEMPLÁRIOS E A NEGAÇÃO CRISTO
Como já vimos, aquando do julgamento da Ordem, muitos Templários confessaram que nos ritos da recepção negavam Cristo, cuspindo para a cruz que lhes era apresentada.
Como já vimos também, é admissível que esse rito integrasse, inicialmente, uma iniciação mais avançada, para o círculo interno. Mas, com o passar do tempo, teria passado para a recepção “oficial”, sem que os neófitos a compreendessem. A ser assim, tal não representava uma heresia, mas o abastardamento de um ritual iniciático, reservado apenas a alguns.
Mesmo assim, como explicá-lo?
Refiro duas teses, não consensuais, e que merecem reservas dos próprios autores consultados.
A primeira tese defende que os Templários fariam uma distinção entre dois Jesus: o “filho de Deus” e aquele que morre na cruz, não teriam sido a mesma e única pessoa.
A existência de dois gémeos, depois amalgamados nos textos sagrados, explicaria muitos enigmas: no auto da sua condenação, não se dizia que Cristo era filho de Deus, mas Rei dos Judeus, e só isso explica a crucificação pelos romanos (se fosse um “crime religioso”, seria lapidado pelos hebreus); nos Evangelhos, tanto aparece Cristo a “dar a outra face”, como a afirmar que “aquele que puxa da espada morrerá pela espada”. É também Cristo que diz: “não penseis que vim trazer a paz à Terra; vim trazer não a paz mas a espada”… (Esta teoria poderia igualmente explicar a sua relação “ambígua” com Maria Madalena).
Segundo esta tese, haveria dois homens: o santo e o rei guerreiro (Castor e Pólux).
Se os Templários se inserissem nesta lógica, isso explicaria vários aspectos do simbolismo da Ordem: o monge e o guerreiro; os dois homens em cima do mesmo cavalo, como aparece no selo mais célebre; a participação, simultânea, no mundo celeste e no mundo da matéria.

A segunda tese prende-se com São Pedro e as chaves do Templo (Pedro, em hebreu, quer dizer "aquele que abre"). Foi ele que recebeu as chaves do Reino dos Céus. É o intermediário sonhado para aceder à iniciação.
Embora, tradicionalmente, se atribua a componente esotérico-iniciática dos Templários a São João, a verdade é que não podemos desprezar São Pedro. Aliás, a Ordem dedicou-lhe muitas capelas, perto de várias comendas, que estavam ligadas por subterrâneos, o que leva a pensar em rituais iniciáticos que ocorriam à noite e que estariam ligados à profecia que Cristo faz a Pedro: "Antes que o galo cante hoje, tu me terás negado três vezes". Assim, da mesma forma, “antes do galo cantar, os novos cavaleiros teriam negado Cristo três vezes”. Então, e só então, lhes seriam dadas as chaves do conhecimento para que, tal como São Pedro, preparassem o reino de Deus neste mundo.
A título de curiosidade, o galo, presente no Abraxas, acompanha muitas vezes São Pedro, na iconografia cristã…
jp

2 comments:

Maria Augusta said...

Desconhecia que existia um lado guerreiro de Cristo citado nos evangelhos, é verdade que não os conheço muito bem. Interessantes as teorias sobre as causas da dualidade da prática dos Templários.

Lília Abreu said...

Acho que a Maria Augusta é a fã nº 1 dos templários! Sente-se (pelos comentários) o interesse e entusiasmo.
Eu vou continuar a guardar os textos, para os ler num dia...