8.5.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - BREVE ENQUADRAMENTO DA ORDEM

BAPHOMET E SÃO JOÃO BAPTISTA
No âmbito do julgamento dos Templários, a acusação, de entre outras práticas consideradas obscenas ou heréticas, invocou o culto das cabeças cortadas: "Em todas as províncias tinham ídolos, isto é, umas cabeças, algumas com três rostos, outras com dois e outras com um só… Nas assembleias e, sobretudo nos grandes capítulos, adoravam o ídolo como Deus… dizendo que aquela cabeça podia salvá-los, que concedia à Ordem todas as riquezas e que fazia florir as árvores e germinar as plantas da terra”.
Há muitas teses quanto à etimologia[1] e simbologia associadas ao baphomet. Vamos “optar” pela ligação a São João Baptista.

São João Baptista (que, como já vimos, seria essénio), está ligado à velha tradição do culto das cabeças cortadas. Foi decapitado em Maqueronte, na Arábia. Herodíades, mãe de Salomé, mandou que levassem a cabeça do profeta para Jerusalém, temendo que este ressuscitasse, se a sua cabeça fosse inumada com o corpo, que teria ficado sepultado em Sebasta. A cabeça foi enterrada perto da casa de Herodes.
Depois de inúmeras peripécias, uma verdadeira “demanda da cabeça”, ao longo de séculos, a cabeça acaba em Constantinopla… e, tal como o Graal, estaria encastoada num prato de prata.

É longa a tradição das “cabeças cortadas” e dos seus poderes: Orfeu, decapitado por mulheres de Trácia, fornecia oráculos; a cabeça do celta Bran, “o Abençoado”, relacionado com a história do Rei-Pescador, na demanda do Graal, era talismã protector e símbolo de ressurreição; os poderes mágicos da cabeça de Cuchulain, herói irlandês, decapitado por Lug, e de onde os reis irlandeses retiravam os seus poderes mágicos; a cabeça de Medusa, cortada por Perseu, petrifica quem a contempla…
Esta tradição, tem, aliás, continuação na hagiografia cristã: os santos cefaloros (que transportam a sua cabeça depois de uma agressão): São Dinis, em França; Santa Tryphine, na Bretanha, São Mitre, na Provença…
Em muitos aspectos, o baphomet pode levar-nos a pensar em Janus. Jovem e velho ao mesmo tempo, é representado pelos romanos com dois rostos, um glabro e o outro barbudo. Um olhava para o passado e o outro para o futuro. Janus é João, esse Ioan que atravessa o tempo e os mitos de origens diversos.
Janus ou João Baptista? Não há grande diferença no plano simbólico.

Os poderes do baphomet eram simultaneamente protectores e terríficos, sendo um dos segredos mais bem guardados, que nem o julgamento dos Templários conseguiu desvendar.
Quando se passa um limiar, o que se encontra do outro lado pode muito bem apresentar formas diferentes e surpreendentes. Ora um dos aspectos que assume a manifestação do guardião do limiar é, precisamente, a mudança da cabeça.
[1] Baphomet: viria do grego “baphe” e “meteos”, significando iniciação na sabedoria, ou baptismo de fogo (espiritual).
jp

4 comments:

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ said...

OI Jorge, tudo bem?

Interessante, mas dde arrepiar essas histórias das cabecas. Eu prefiro perder a cabeca por outras coisas, rs.

Bom fim de semana

Sandra said...

Como vc. trabalha em parceria com a tertulia virtual, venha me visitar no texto sobre blog. Quem sabe vc. se encontra lá. Gosto gostou deixe um recadsinho.
Sandra.
Vc. nunca mais apareceu.

Maria Augusta said...

É um ritual dificil de aceitar mesmo, seja qual for o significado...

EXPRESSODALINHA said...

De facto é um ritual estranho, mas as cabeças cortadas sempre tiverem "poderes"!