24.6.09

MANUEL FURTADO DOS SANTOS - PÓS-


Hoje, Quinta-Feira, inaugura a exposição de Manuel Furtado dos Santos, "PÓS-" na Sopro - Projecto de Arte Contemporânea, Rua das Fontainhas, nº40, em Alcântara (perto do "Café Café"). Apareçam. Um artista fantástico. Vejam o que ele diz da exposição:

"Nesta exposição de assemblagem e fotografia é explorado o momento imediatamente após o acidente enquanto “milagre invertido”; uma paragem ilusória do tempo que permite uma perspectiva diferente sobre esse mesmo tempo. É um momento de intensidade extrema que se revela como uma estranha calma inquieta e desconfortável. O espaço e o tempo ficam alterados depois do choque. Há no meio da adrenalina e do stress uma perplexidade, “o que é que aconteceu? Onde estou?” e a expectativa antecipada do próximo acidente.
É aqui assumido o desafio de começar um “museu de acidentes” cuja colecção é criada com alguns desastres menores de automóveis. De uma forma geral o carro representa o século XX, a produção em série, o objecto central de desejo, fetiche e afirmação social como ainda se verifica actualmente. Portanto o título desta exposição refere-se também a um século que não pára de se anunciar a si próprio (o século XXI) e ao qual falta a afirmação suficiente para que não viva na sombra do anterior.
Está implícito ao que foi dito anteriormente, uma necessidade de mudança de paradigma cultural, social e artístico. A sucessão infinita de acidentes assume-se como impulsionadora insuficiente da mudança e assim surge a expectativa pós-moderna da catástrofe. O grande responsável por esta perspectiva partilhada é o sincronizador global de emoções, a televisão, que poderá entrar em mira técnica após a tão esperada tragédia. Sincronizará finalmente a população para a calma do vazio de conteúdo e de desejo.
Tal como o século em que vivemos, apesar de muito anunciado, este cataclismo parece tardar em acontecer. Algumas imagens da Índia, recolhidas ao longo de três meses, funcionam como um retrato do mundo que tem a expectativa antecipada do próximo acidente mas que sente a catástrofe como algo que está constantemente presente.
Há portanto a vontade de juntar nesta exposição algumas letargias de uma sociedade ocidental com a esperança Indiana num modernismo extemporâneo. Estas evidências paradoxais inerentes a todos os sistemas são materializadas nestes trabalhos que pretendem explorar conflitos entre conceito e forma, o objecto e o pictórico, a depressão vivida na megalopolis ocidental e a ansiedade de um riquexó que transporta peças de automóvel para que outros usufruam dessa comodidade.
Não pretendendo ser etnográfico, este conjunto de trabalhos pretende usar estas tensões globais para explorar problemas intrínsecos à produção artística encerrando em cada imagem e composição a vivência de um flâneur e o paradoxo de uma civilização".

6 comments:

Lília Abreu said...

Não conheço este espaço e índa há pouco vim do Lxfactory...
Depois, apanhei um susto: comecei a ler o texto e pensei- o que se passou aqui ? que raio de estilo sofisticado tem agõra o expresso? do dia pra noite? flâneur??? tenho que ir ao google^... voltei ao princípio e foi o artista que escreveu. Ufa! esta linguagem todos os dias, aqui, não sei não...

Anonymous said...

Bom texto e boas ideias nesta exposição.
Sucesso!

Lília Abreu said...

Bom dia!
Hoje é dia de troca de carinho no Arco! Até se tornar tão natural como a nossa sede, rs

Dia de visitar os amigos, abraçá-los com força, olhá-los e sorrir-lhes com carinho. De lhes telefonar, sorrir a falar...
Assim, o melhor e imutável que há em mim saúda o melhor e eterno que há em ti!
Um vénia carinhosa e saio...
Lília

Ví Leardi said...

...só para dizer....olá e bom dia ...aqui chove muito e aí?..Bj

Deusa said...

Esta abordagem do artista , ¨inquieta e desconfortável¨ , me assusta um pouco , por outro lado desafia tambem ,pois inegavelmente retrata a realidade do nosso dia a dia.
Com certeza visitaria se tivese oportunidade.
Meus votos de Sucesso!

EXPRESSO said...

Hoje vai ser um dia de inauguações: primeiro o Palácio do Egipto, em Oeiras, com Presidente da Câmara e tudo, depois a exposição do Manel Furtado dos Santos, em Alcântara. Muitos croquetes...