7.6.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - BREVE ENQUADRAMENTO DA ORDEM

EXTINÇÃO DA ORDEM (CONT.)
Mais complexo é o comportamento de Jacques de Molay e de alguns altos dignatários da Ordem, bem como o do papa Clemente V.
O Grão-Mestre, quando interrogado, a 24 de Outubro de 1307, confirma as acusações relacionadas com a negação de Cristo, condenando, assim, toda a Ordem. Porém, a 26 de Novembro de 1309, em declarações perante a Comissão Pontifícia, nega tudo o que antes dissera no interrogatório, mas continua a não defender a Ordem.
Depois, pede uma entrevista particular com um conselheiro de Filipe. Que terão dito? Teria havido anteriormente um acordo com esse conselheiro? E de que natureza? Esse acordo implicaria a cumplicidade na destruição da Ordem? E em que termos? Teria esse acordo sido ultrapassado pela febre inquisitorial, promovendo a tortura e a morte, não inicialmente previstas?
É uma explicação possível para a conduta do Grão-Mestre, para o desaparecimento prévio dos bens da Ordem e para a não resistência dos Templários.
Também a conduta de Clemente V é dúbia em todo o processo. Preso na teia de Filipe, parece saber de tudo, mas também não está preparado para a tortura dos Templários. De facto, chega a retirar os poderes à Inquisição, o que implicaria a anulação do processo. Mas acaba por ser forçado a restabelecer os tribunais eclesiásticos, por pressão de Filipe.
Mais tarde, em 1311, no Concílio de Vienne, depois de receber uma exposição de nove prisioneiros templários, mostra-se novamente indeciso quanto ao caminho a seguir. Mas Filipe compareceu pessoalmente no Concílio. Clemente V decide então precipitar as coisas: não querendo expressamente condenar a Ordem, corria o risco de vir a ter de o fazer, sob pressão do rei. Assim, decide dissolver a Ordem do Templo, "por via de provisão".
Aliás, perante as confissões do Grão-Mestre e dos dignatários, o papa tinha razão: a Ordem não podia ser salva. O melhor era suprimi-la, pura e simplesmente, sem condenação.
Numa pequena “vingança" contra Filipe, Clemente V atribuiu o património fundiário dos Templários à Ordem dos Hospitalários de S. João de Jerusalém, hoje Ordem de Malta, provocando a fúria do rei.
Ao suprimir a Ordem sem qualquer outra forma de processo, Clemente V salvou o que ainda podia ser salvo e, simultaneamente, entregou à apreciação dos concílios provinciais o destino dos Templários nos respectivos países, o que imediatamente os sossegou. Para além disso, Clemente V reservou-se o direito de julgar os dignatários e, obviamente, o Grão-Mestre.
Nova reviravolta: o Grão-Mestre e um dos dignatários, Geoffroy de Charney, retractam-se e são, por isso, entregues ao braço secular. Terá sido um rebate de consciência? Novamente estranho…

Filipe decide, de imediato, executá-los. A execução tem lugar a 18 de Março de 1314, pelo fogo, na extremidade ocidental da Ile de la Cité (actualmente Praça de Vert-Galant).
No momento em que as chamas começam a elevar-se, Jacques de Molay recupera a dignidade e terá gritado: "Os corpos pertencem ao Rei de França, mas as almas pertencem a Deus!". Depois, teria proferido uma maldição, intimando os seus carrascos a comparecer no tribunal de Deus, no prazo de um ano: Clemente morre em Abril seguinte e Filipe em Novembro (uma morte cujo mistério não foi desvendado, mas sobre a qual pairou o espectro do envenenamento). Ainda nesse mesmo ano morre Nogaret, o conselheiro do rei, a "eminência parda" de todo este processo, também misteriosamente…
jp

3 comments:

Lília Abreu said...

Após eleições, templários...

Aínda não tenho a noção completa das eleições... mas, francamente, o Berloscuni???

Maria Augusta said...

Pois é, existem ainda muitos mistérios sobre o que conduziu à extinção dos Templários, mas Filipe não durou muito para saborear sua vitória...

Jorge Pinheiro said...

Já o Berlusconi...