11.6.09

TEMPLÁRIOS REVISITADOS - BREVE ENQUADRAMENTO DA ORDEM

HERDEIROS DO TEMPLO
A Ordem fora extinta. Mas qual Ordem? A visível ou a oculta? Será possível imaginar todo o poderio da Ordem deixar-se abater por um rei falido? Não haveria instruções do círculo interno para a "deixar cair"? Uma política de reconhecimento da inutilidade superveniente da componente visível e do seu potencial desmando? Um desejo explícito de retorno à componente iniciática e gnóstica inicial?
Parece-nos ser esta a única explicação.
No decurso do processo dos Templários, em França, Filipe, o Belo, enviou cartas aos soberanos estrangeiros para que seguissem o seu exemplo, numa tentativa de extinguir totalmente a Ordem. Não foi bem sucedido e, como já vimos, o papa Clemente V, ao atribuir aos concílios provinciais o eventual julgamento dos respectivos Templários, afastou aquele espectro.

Como já foi referido, os Hospitalários, actualmente Ordem de Malta, receberam oficialmente o património francês do Templo. Mas é muito duvidoso que tenham recolhido a herança espiritual e os segredos da Ordem.
Em Espanha, foi criada expressamente a Ordem de Montesa, que recolheu os Templários. Outros juntaram-se a ordens já existentes: Calatrava, Alcântara e Santiago de Espada.
Em Portugal, foi expressamente criada, no tempo de D. Dinis, a Ordem de Cristo, e os Templários portugueses passaram directamente para ela, sem perder quaisquer prerrogativas.
Na Alemanha, fundiram-se com a Ordem Teutónica.
Em Itália, laicizaram-se nas fraternidades da "Fede Santa" (à qual teria, mais tarde, aderido Dante).
De todos estes "herdeiros oficiais", sem dúvida a Ordem de Cristo e de Montesa parecem ser os mais directos.
A Inglaterra e a Escócia também não alinharam com Filipe. No entanto, depois de várias pressões, Eduardo II de Inglaterra, genro de Filipe, acaba por, numa primeira fase, simular alguma perseguição, que apenas terá deixado os Templários numa posição menos confortável; mas, a pouco e pouco, e por pressão dos inquisidores, acabou por tornar a situação insustentável aos membros da Ordem.
Esta posição obrigaria os Templários a refugiar-se na Escócia, onde Robert Bruce reclamava a independência. Os Templários terão mesmo lutado ao lado de Bruce e terão sido decisivos na batalha de Bannockburn, em 1314, um combate essencial para a futura independência da Escócia.
Os Templários teriam assim sobrevivido na Escócia e prolongado a própria Ordem, embora não saibamos o que restava do modelo inicial. Mais tarde, a partir de 1593, ter-se-ão infiltrado nas lojas jacobinas, influenciando o chamado "rito escocês rectificado" da maçonaria, onde, por exemplo, há três graus que correspondem a designações templárias.
E haverá, nos nossos dias, herdeiros espirituais dos Templários? Haverá algum organismo que detenha os seus ritos secretos e possua a chave dos seus mistérios?
Se existe, não sabemos. No entanto várias organizações se arrogam de tal: em 1981, a Cúria Romana realizou um recenseamento de grupos ou de associações que se reclamavam de origem templária e encontrou mais de quatrocentos…
Pessoalmente, inclino-me para que não haja herdeiros directos. O que haverá, seguramente, nos nossos dias, são "tradições templárias".
Na imagem o papa Clemente V.
jp

2 comments:

Maria Augusta said...

Realmente, seria interessante saber o que resta deles hoje e onde...existem especulações de todo tipo, principalmente em relação ao tesouro dos Templários, logo não é surpreendente que haja mais de quatrocentas associações relacionadas com eles.

expresso said...

Em breve chegaremos à questão do tesouro. A seguir ainda vamos ver a implantação da Ordem em Portugal.