21.7.09

INTERRUPÇÃO FATAL

Morreu o Xico Zé, vítima de um cabrão de um linfoma que há mais de um ano o incomodava. Uma doença cobarde e intratável. Esta fotografia, da autoria de Carmo Romão, foi a última que lhe foi tirada. Foi no dia 20 de Junho a seguir ao último concerto que deu e em que claramente se quis despedir de todos os amigos. Depois disso ainda estive com ele, mas o desfecho era evidente. Com ele morre muita coisa. Morre o "Ephedra", o grupo onde também toco e que tínhamos ressuscitado com grande esforço. Gravámos um disco e fizémos três excelentes concertos. Ele era o orquestrador e o maestro. O motor da banda. Sem ele não tem interesse. Não tem qualquer piada. Com ele morrem também muitos projectos que tínhamos para realizar, agora que nos tínhamos reencontrado. Com ele morre também uma parte de mim. A vida não obedece a projectos. Tem o seu próprio timing. Um timing que nós não entendemos, mas que não é, seguramente, o dos nossos relógios e calendários. O Xico morreu em sofrimento e revoltado. Nós ficamos a sofrer e em revolta. Nos últimos dois anos morreram três amigos íntimos. E o pior é que outros se seguirão. Um dia destes estou isolado na virtualidade da solidão, a escrever nada para coisa nenhuma, para ninguém ler. Um beijo grande para a mulher e filhos, a quem presto a minha homenagem. O Xico Zé estará na capela de Caxias/Laveiras a partir das 17 horas de hoje. O funeral será amanhã.
jp

14 comments:

Ruvasa said...

Viva, Jorge!

Um abraço de sentimentos pelo seu amigo.

Ruben

roserouge said...

A Claire ligou-me hoje de manhã. Uma merda, mesmo. Vemo-nos logo, na igreja. Abraço.

Anonymous said...

Ao amigo Jorge, Claire, Bé, e a todos que eram amigos, parentes, ou conhecidos do falecido, meus sentimentos!

Francisco Castelo Branco said...

Um abraço de sentimentos pelo sucedido

lapsus said...

Não o conhecia. E conheci-vos no concerto do Ephedra, no Auditório Eunice Munõz. Gostei. Muito. Percebi o gosto pela música. Percebi a vossa cumplicidade. O Tempo é uma coisa estranha, pela forma como cura feridas, como permite que voltemos a viver, por vezes, apesar da(s) dor(es). Será que ele quereria o fim do grupo? Não será a melhor forma de o homenagear? É a opinião apenas de alguém que não vos conhecia. O sofrimento não deveria existir. Viva o Xico Zé.
Abraço e os meus sentimentos à família.
Paulo (Lapsos de Tempo)

Mylla Galvão said...

Meus sentimentos Jorge...
Não acho que o Ephedra deva morrer, mas continuar em homenagem ao seu amigo... Apesar de não os conhecer...
Mas daí é um caso a pensar, a se estudar...
Abraço

Lília Abreu said...

Jorge,
As pessoas partem, ficando. Sempre. Daí dizeres que uma parte de ti a acompanhou.
E, a vida tem realmente o seu "próprio timing" - o XZ até ao fim esteve no seu meio. A fazer o que gostava. Com amigos de longa data. Com as filhas, com os filhos dos amigos. A tocar. Até ao fim! Apesar de tudo, não ficou numa cama que, penso eu, seria bem pior.
E, permite-me discordar : nada morre com ele. Tudo fica. Só dar tempo ao tempo e começar a integrar : a alegria dele, a perseverança dele, os projectos, o talento. Isso, nada nem ninguém pode roubar. Fica com os queridos que com ele privaram em vida. E há-de vir ao de cima. Com o tempo...
E, aínda bem que estás acompanhado nesta altura costumeira de férias. A integração será apaziguada pelo afecto e apoio que a tua Maria por ti sente!
Muita paz!

António P. said...

Um grande abraço, Jorge e também para o Paulo e restantes Ephedra.
A 1ª foto do post seguinte fez-me regressar ao Liceu de Oeiras onde conheci o Xico Zé. Já lá vão 45 anos.
Depois perdi-lhe o rasto. Ia sabendo dele por ti e pelo Paulo.
Hoje é um dia triste.

Maria Augusta said...

Jorge, sinto muito por você e pelos amigos e parentes dele. Quanto ao Ephedra, não o conheci mas talvez ele gostaria que vocês realizassem os projetos que tinham juntos.
Um grande abraço.

João Menéres said...

O Jorge sabe que eu estou solidário nestes momentos mais dolorosos que, por mais que possam ser adivinhados, jamais são aceites como inevitáveis.
E, no caso do XICO ZÉ HENRIQUES, ao ter encomendado um cd dos EPHEDRA devidamente autografado por todos, também sinto que um amigo saiu porta fora para não mais voltar.
São compreensíveis as palavras de total tristeza e completo desânimo do Jorge.
Mas, a curto prazo é preciso reagir e a melhor forma de homenagear a memória de um Artista e de um Amigo é continuar com os projectos sonhados mesmo que obrigatoriamente readaptados à sua marcante ausência.
Aos familiares e aos amigos deixo uma palavra que gostava fosse de conforto.

maria antunes said...

Lamento imenso.

Um beijo grande.

Jorge Pinheiro said...

Acabei de vir do velório. Um verdadeiro desastre para todos. No fim cantámos como ele gostaria. A todos os que o conheceram e aos que o não conheceram, agradeço sinceramente as palavras deixadas.

Anonymous said...

Um ano danado!
Acredita em que o teu Amigo estará, agora, melhor.
Não deixem acabar um Projecto de que ele gostava.
Não há substituições mas há renovação.
Um abraço a todos
Antonião

expresso said...

Obrigado Antonião.