24.9.09

D. PEDRO IV - O EX-TUDO

O ex-rei e ex-imperador D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil, foi abdicando de tudo, até abdicar precocemente da vida aos 35 anos, no dia 24 de Setembro de 1834. Morreu em Queluz, no mesmo quarto em que tinha nascido. Viveu num dos períodos mais conturbados da história contemporânea. Uma fuga caótica para o Brasil, acompanhando o rei D. João VI e toda a corte portuguesa, escapando precipitadamente a Napoleão. A passagem de regime absolutista para o constitucional. A regência do Brasil, num clima de turbulência entre tropas portuguesas e pró-nacionalistas brasileiros. Abriladas, Belenzadas, Setembristas, Vilafrancadas, Maria da Fonte, em Portugal. Clima de "PREC" permanente. A independência do Brasil. Quinze anos de lutas fractícidas com o mano Miguel. Foi na qualidade de ex-imperador do Brasil e ex-rei de Portugal que ele desembarcou com 7 500 homens na ilha Terceira (Açores) e reconquistou o poder para entregar à filha Maria II. Quando finalmente ganhou, morreu. O seu coração foi extraído e, por vontade testamentária, levado para o Porto, cidade que lhe garantiu a lealdade contra D. Miguel. Um rei desorientado que nem na morte se soube encontrar. Figura polémica: para uns herói; para outros, traidor; para alguns, sem carácter.
Recomenda-se leitura de: "Um Herói Sem Carácter", de Isabel Lustosa; "O Coração do Rei", de Isa Salles; "O Império à Deriva", de Patrick Wilcken.

8 comments:

Maria Augusta said...

Para os brasileiros foi quem proclamou a independência, logo um heroi! Entendo porque em Portugal era considerado um traidor...a grande critica que se faz a ele no Brasil é o modo como ele tratava sua mulher a Imperatriz Leopoldina, que dizem que morreu em consequência de seus maltratos.
Não sabia que ele havia morrido tão jovem.

Lina Faria said...

É, pra nós ele foi irreverente, mulherengo, etc...
Já seu filho, D. Pedro II, foi fundamental para a cultura do Brasil.

EXPRESSO said...

Mas mulherengo eram todos na altura. Veja-se o caso Pompadour, por exemplo. De certa forma há um paraleli com a marquesa de Santos. O que parece é que era um banana sem carácter. O facto de ter dado a independência, pode dever-se a isso mesmo. De qq forma era inevitável.

Li Ferreira Nhan said...

Aqui foi-nos ensinado que ele era um herói...
Os casos amorosos sempre se comentou; era comum.
Também dito como violento com a esposa.
Era um banana?
Porque era um banana sem caráter ganhamos a independencia?
Então
VIVA AO BANANA SEM CARÁTER!
Deus nos livre ter um futuro como a Angola...
:)

EXPRESSO said...

E ganharam muito bem e inevitavelmente, com ou sem banana. Atenção, a personagem é apaixonante e polémica. Estou a ler o livro da Isa Salles que é muito interessante.

Jorge Pinheiro said...

Li: já agora mais um detalhe. Aqui ele também é oficialmente um herói, principalmente porque lutou contra o absolutismo de D. Miguel e aderiu ao constitucionalismo. Só que as leituras actualizadas da História, mostram um outro homem, aquele que não teve outro remédio, que correu "atrás do prejuízo" e que afectivamente era instável e violento. Um Bragança no seu melhor.

Li Ferreira Nhan said...

Jorge, ainda bem que hoje podemos nos valer destas leituras atuais. Na minha juventude (hic!) as coisas eram diferentes;o ufanismo reinava! Lembro de um 7 de setembro (de 72?), com um filme, estrelado por Tarcísio e Glória Menezes, que mostrava-o como um herói apaixonante...
Quanto a independência, bem sei que o "buraco é mais embaixo". De qualquer maneira nos tornamos a "República das Bananas" :)
Obrigada pela indicação dos livros; é sempre muito bem vinda! Já encomendei à livraria Cultura esse da Iza Salles.

EXPRESSO said...

"Républica das Bananas" tb. temos por cá.
O livro (vou a meio) lê-se muito bem. Não é polémico, sem ser laudatório. Tenta apresentar o homem nas dificuldades em que se viu envolvido.